O "DESAPAGA POA" RESGATA AS MEMÓRIAS E AS HISTÓRIAS DOS POVOS NEGROS E INDÍGENAS DE PORTO ALEGRE
- Alexandre Costa
- 22 de mai. de 2021
- 5 min de leitura
Atualizado: 2 de jul. de 2021

O Desapaga POA é desenvolvido por uma equipe multidisciplinar de pesquisadores de várias áreas das ciências humanas e traz, nesta primeira série de dez episódios em podcast, diversos temas relacionados a Porto Alegre, que têm como objetivo resgatar a memória e história de negros, negras, negres; indígenas e periferias da cidade. O projeto foi selecionado no edital Criação e Formação - Diversidade das Culturas, da Secretaria Estadual da Cultura - SEDAC/RS - e Fundação Marcopolo e é realizado com recursos da Lei 14.017, de 2020 (a Lei ALDIR BLANC).
A pesquisa, os textos e a elaboração dos roteiros da série PERIFERIAS são de Carlos Raimundo Pereira, Guilherme Maffei Brandalise, Juliana Mohr, Vinícius Furini. A edição é de Vítor Ortiz.
A equipe de locução deste episódio conta com Clara Falcão e Lucas Samuel. Os áudios e a trilha sonora tem a direção e criação de Bebeto Alves, com canções de Nelson Coelho de Castro. Este projeto foi selecionado no edital Criação e Formação Diversidade das Culturas, da Secretaria Estadual da Cultura - SEDAC/RS - e Fundação Marcopolo e é realizado com recursos da Lei 14.017 de 2020 (a Lei Aldir Blanc).
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EPISÓDIO 10 - Neste episódio final, vamos contar uma parte da história do carnaval de Porto Alegre, desde as primeiras folias de rua com os entrudos, os blocos de corso, os cordões, ranchos e marchinhas, chegando aos carnavais da elite nos salões dos clubes sociais, em contraste com a festa popular do Rei Momo Lelé no Areal da Baronesa e os desfiles das escolas de samba, que repetem em Porto Alegre o modelo do carnaval carioca. Vamos também buscar as causas de uma parte da sociedade ter rejeitado a construção da Pista de Eventos nas proximidades do centro e a sua transferência para o Complexo Cultural do Porto Seco.
EPISÓDIO 9 - Os conhecimentos acumulados pela arqueologia sobre a presença indígena na região de Porto Alegre e a descoberta do Homem da Vila Nova. Os cronistas e os aldeamentos, contextos e documentos que comprovam a presença da mão de obra indígena na construção econômica da sociedade colonial e a preocupação atual de caciques guarani com os impactos de empreendimentos de mineração de carvão em áreas próximas às suas aldeias.
EPISÓDIO 8 - Neste episódio, vamos buscar africanidades nas origens negras do carnaval da cidade na figura do Rei Momo Lelé e destacar os territórios do Areal da Baronesa; da Ilhota de Lupicínio e Tesourinha - lembrando a Liga da Canela Preta; e passear com pés negros pelo Morro das Sete Pedras de Xangô, na Colônia Africana e Mont Serrat; e depois pelo "Monumento Negro Mercado Público", indo desde a remoção das quitandeiras da Alfândega para a Praça do Paraíso, em 1820, até o tempo chegar ao Bará e ao Príncipe Custódio.
EPISÓDIO 7 - Neste episódio, a história de dois dos direitos fundamentais à cidade: do acesso à água potável e ao transporte coletivo, que a partir do crescimento das periferias se transformou no grande carma diário para os trabalhadores. E ainda, o flagrante preconceito da visão elitista que surge nos documentos oficiais e na imprensa dos anos 1950 e 1960 a respeito dos lugares de moradia dos mais pobres, como a Doca das Frutas e o Mato Sampaio.
EPISÓDIO 6 - Este episódio traz os sons das línguas guarani e kaigang nos contando sobre suas respectivas formas de ver o mundo, suas cosmologias e quais suas compreensões sobre o significado da expressão “território”, o yvyrupá no guarani, ou gá mág (o Brasil grande) para o kaigang. Vamos também tentar entender um pouco mais sobre quem foi Karaí Vicente, o indígena que guardava o portão de Porto Alegre e que aparece nos escritos dos cronistas antigos, Ari Sanhudo e Caldre e Fião. Por fim, saber mais sobre o artista Xadalu Jakupé e sua arte que espalha cartazes com os dizeres “Área Indígena” pelo centro histórico da cidade.
EPISÓDIO 5 - Confira a história da Esquina do Zaire e dos territórios negros do centro de Porto Alegre, onde os encontros semanais de diversos grupos da comunidade negra deram origem à consagração nacional do 20 de novembro, data de Zumbi dos Palmares. A história começa com o artista negro porto-alegrense Wilson Tibério e culmina com as proposições do Grupo Palmares de superação do 13 de maio. No final, são apresentados os principais marcos do Museu de Percurso do Negro da Capital gaúcha.
EPISÓDIO 4 - Debate as transformações urbanas da cidade no início do século XX. Os projetos de memória das periferias e o bairro Arquipélago, com os impactos positivos e negativos do Plano Geral de Melhoramentos e Embelezamento que a Intendência de Porto Alegre desenvolveu em 1914 e influenciou todos os demais planos diretores da cidade, tendo obras ali previstas sendo realizadas em 2021, como as da beira rio. O episódio também coloca luzes em diversas iniciativas de valorização do patrimônio cultural das periferias, como a o do Museu das Ilhas, no Bairro Arquipélago.
EPISÓDIO 3 - Apresenta a questão indígena, sua diversidade e o contexto que caracterizou o encontro entre colonizadores e as diversas nações de povos originários no Sul do Brasil, a guerra guaranítica e a fundação de Porto Alegre. Traz também um debate sobre a história da Obirici, uma invenção branca ou uma lenda indígena? Aponta ainda para a presença indígena atual na toponímia, nos lugares públicos, como na Praça da Alfândega e na Redenção, e em diversos territórios e aldeias Mbyá-Guarani, havendo ainda os kaigang, charrua e xokleng.
EPISÓDIO 2 - Destaca a lenda do escravizado Josino que teria rogado uma praga que atrasou em cem anos a conclusão da Igreja das Dores. Relembra também que havia uma rotina de enforcamentos na Porto Alegre do século XIX e destaca o papel da Irmandade do Rosário na busca de trabalho, renda e educação para os negros da cidade. O podcast salienta ainda que, na virada do século XVIII para o XIX, a maior parte da população da Vila sede da Capitania do Rio Grande de São Pedro era formada por pessoas negras. Escravizados africanos e crioulos; forros, libertos e livres formavam mais de 60% dos moradores, conforme os levantamentos de população da época, realizados especialmente pelos padres, através do róis de confessados, e também conforme os números dos levantamentos mandados fazer pelos presidentes da Província.
EPISÓDIO 1 - Revisita os perímetros antigos da cidade em busca das origens da separação histórica entre centro e periferias na atual capital gaúcha. Na segunda parte, relembra a lenda da santificada Maria Degolada e sua atualidade diante da recente decisão do STF sobre feminicídios. Na terceira parte, compara os conceitos de "favelas", para o Rio de Janeiro, e "malocas", para Porto Alegre.