por Silvana Conti (*)
Os fatos da última semana seguem a rotina criminosa e patética do chefe de Estado que a cada dia demonstra ser indiferente ao sofrimento da nação brasileira que vive uma marca terrível de quase 600 mil mortes por COVID – 19.
Seu mal-estar cerebral e intestinal é verdade ou fake News?
Desde a facada sem sangue que justificou uma campanha em 2018 sem debates e com muitas mentiras, desacredito que nesta altura do campeonato o presidente esteja mesmo doente. A questão é que quem conta muitas mentiras muitas vezes fica com fama de mentiroso. Me parece um período oportuno para o presidente se fazer de vítima, é apenas uma impressão precedida de antecedentes próximos.
Entre soluços, prevaricações e o intestino com dificuldades, fica a impressão aparente de que o negacionista está à beira de um ataque de nervos, acuado, “cagado”, enfim, dando sinais de que o gato pode subir no telhado a qualquer momento e tudo pode ficar pior do que está. Não se pode descartar sobressaltos, com tentativas de ruptura do regime democrático, como já ocorreu no ano passado.
Sabe-se que Bolsonaro tem pavor da CPI, tem horror às pesquisas, terror das manifestações de rua, enfim, ele ataca frontalmente o povo brasileiro, pois é um covarde convicto muito perigoso.
O recesso parlamentar a partir deste sábado conclui a primeira etapa da CPI da COVID no Senado Federal que, a partir de agosto, retorna por mais 90 dias. De todos os fatos levantados até agora, existem vários indícios que sugerem a existência de um gabinete paralelo que auxiliou o presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia, fortes possibilidades de corrupção por integrantes do governo e a participação de militares, no que o senador Renan Calheiros (MDB-AL) classificou como um “mar de lama”.
Os milicos Braga Netto e Ramos têm motivos para se preocupar, mais o ex-ministro da Saúde o general Eduardo Pazuello que fique bem atento, pois deve ser reconvocado para explicar a gravação que o mostra em uma negociação com uma empresa intermediária para a compra de 30 milhões de doses da vacina Coronavac, ao custo de 28 dólares por dose.
O general Pazuello mente na CPI, dizendo que não estava na intermediação da compra da vacina, afirmando: “Pela simples razão de que eu sou o dirigente máximo, eu sou o ‘decisor’, eu não posso negociar com a empresa. Quem negocia com a empresa é o nível administrativo, não o ministro. [O ministro] jamais deve receber uma empresa, o senhor deveria saber disso”, disse Pazuello, na ocasião. Só que “esqueceu” que a negociação foi gravada e apareceu em horário nobre na televisão um vídeo escancarando sua mentira.
A cada depoimento o quebra cabeça da corrupção fica nítido, e vários esquemas do governo federal na compra de vacinas vão aparecendo e fazendo crescer cada vez mais a indignação da população que além de ter perdido familiares, amores, amigos (as), colegas, na pandemia, se dá conta que existe um culpado que nega a ciência, é corrupto, não demonstra nenhuma preocupação com as necessidades urgentes do povo brasileiro e segue fazendo sua política de ódio e de morte.
O projeto bolsonarista de negar a pandemia para salvar a economia teve como resultado um gravíssimo retrocesso, onde o Brasil, mundialmente, é o segundo em números absolutos de mortes pela Covid-19 e a economia está em frangalhos, em uma severa crise, além de termos voltado para o mapa da fome.
Cerca de 800 mil empresas quebraram e os últimos dados do IBGE apontam que 14,4 milhões de trabalhadores e trabalhadoras estão desempregos (as), 6 milhões estão em situação de pauperização.
Apesar desses índices negativos, o presidente Bolsonaro e o ministro da Economia Paulo Guedes garantem grande aumento aos lucros dos bancos. Os dois maiores bancos privados cresceram seus lucros em 74% e 64% em um ano. Eleva-se, também, o número de bilionários enquanto o Brasil tem a 2ª maior concentração de renda entre mais de 180 países.
Portanto, temos muitos motivos para estarmos indignados (as), cheios (as) de energia e esperança para virarmos este jogo e o rumo do nosso país.
O déspota está “cagado!”
Pesquisas de opinião crescem desaprovando o governo Bolsonaro, e o consideram: desonesto, falso, incompetente, despreparado, indeciso e pouco inteligente.
A tragédia bolsonarista, portanto, tem um script em 3 atos: o fracasso de não enfrentar a crise econômica, os ataques ao Estado Democrático de Direito e o aumento de mortes pela pandemia. Somando todos estes fatos constata-se que o fim do governo Bolsonaro urge.
O momento nos conclama a seguirmos resistindo e lutando com ampla unidade. Cresce em todo o país o sentimento e a mobilização para salvar a nação. O Fórum as Centrais Sindicais, representando milhões de trabalhadores (as), os movimentos sociais, movimentos populares, partidos políticos, e amplos setores da sociedade se unem na intenção de mudar a correlação de forças para desgastar, isolar e derrotar o nosso inimigo em comum.
Por isso, no Dia 24 de Julho, todos, todas e todes precisam ir para as ruas em todas as cidades do país, para engrossar as fileiras daqueles (as) que desejam e lutam por um Brasil democrático, com justiça social, com empregos, vacina para todos, todas e todes, renda, moradia digna, educação pública de qualidade, em defesa do SUS e do transporte de qualidade.
Como já dizia o nosso camarada Chico Buarque: “ Apesar de você, amanhã há de ser outro dia.”
(*) Silvana Conti é Feminista, vice-presidenta da CTB/RS e mestranda em Políticas Sociais da UFRGS.
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