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NEGOCIAÇÃO PARA CESSAR-FOGO FRACASSA E GUERRA ENTRE RÚSSIA E UCRÂNIA DESESTABILIZA MERCADO MUNDIAL

Uma avalanche de informações em relação à guerra entre a Rússia e Ucrânia tomaram conta dos noticiários em todo o mundo. A segunda-feira (28/2) foi marcada pelo fracasso das negociações entre representantes russos e ucranianos na tentativa de estabelecer um imediato cessar-fogo entre as tropas. Cada vez mais isolada, a Rússia já sente os efeitos das sansões anunciadas pelos Estados Unidos e pela União Europeia.

Cada vez mais isolada, a Rússia já sente os efeitos das sansões anunciadas pelos Estados Unidos e pela União Europeia. A ONG Anistia Internacional denunciou o uso de bombas de fragmentação pelas tropas russas contra alvos civis na Ucrânia. O uso deste tipo de armamento foi proibido em 2010 por uma convenção internacional, da qual nem a Rússia e nem a Ucrânia são signatárias. O fato, que ainda não foi confirmação sobre o fato, que pode gerar a abertura de uma investigação por "crime de guerra". As bombas de fragmentação contêm várias dezenas de pequenas bombas que se dispersam por um amplo perímetro.


De acordo com a ONG, a denúncia é baseada em imagens de vídeo gravadas por drones e por 65 fotografias, as quais mostrariam o impacto de bombas de fragmentação em pelo menos sete lugares. Imagens de satélite que mostram o deslocamento de um comboio militar russo de 27 quilômetros de extensão chegando aos arredores de Kiev, capital da Ucrânia, foram amplamente divulgadas nesta segunda-feira. Além do conflito armado entre as tropas da Rússia e da Ucrânia, o mundo assiste também a uma guerra de versões. Em seis dias de combate, a opinião pública usa o tradicional maniqueísmo para definir vítimas e vilões deste conflito insano e que pode ter dado início à terceira guerra mundial.


CONSEQUÊNCIAS DAS SANÇÕES À RÚSSIA

A baixa recorde do rublo russo em relação ao dólar é consequência das sanções, incluindo restrições às reservas monetárias do país comandado por Vladimir Putin. Para tentar estabilizar o rublo, o banco central do da Rússia elevou sua taxa de juros de 9,5% para 20%. Em razão da turbulência dos mercados, o banco central da Rússia decidiu manter fechado o mercado de ações na segunda-feira, após ter anunciado uma série de medidas para apoiar os mercados domésticos, enquanto se esforça para gerenciar as consequências das sanções que atingem 70% dos bancos russos. O governo russo determinou que os exportadores serão obrigados a converter em rublos 80% de sua receita em moeda estrangeira obtida desde 1º de janeiro. As sanções impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia à Rússia devem levar a economia ao colapso.


BENEFÍCIOS E AMEAÇAS À CHINA A China possui seu próprio sistema de Sistema Internacional de Pagamentos (CIPS), que, em combinação com o yuan digital, pode se tornar uma alternativa real para as operações dos bancos russos. A autonomia chinesa poderá acabar gerando represálias e sanções do Ocidente, caso se torne um caminho dos bancos russos para fugir das sanções. Por outro lado, a adesão das entidades financeiras da Rússia fortalecerá o Sistema Internacional de Pagamentos (CIPS) e a tendência é aproximar ainda mais russos e chineses, colocando em risco o futuro do dólar americano como moeda de reserva mundial.

As sanções anunciadas pelos EUA, União Europeia, Reino Unido, Canadá e Coreia do Sul, de retirar alguns bancos russos do sistema interbancário SWIFT, acabaram beneficiando empresas chinesas. As ações do Orient Group e da HyUnion Holding fecharam as negociações no mercado de ações de Xangai na segunda-feira com alta de cerca de 10% cada. Enquanto Infosec Technologies e Forms Syntron Information fecharam o dia com aumentos de até 20%.A autonomia chinesa poderá acabar gerando represálias e sanções do Ocidente, caso se torne um caminho dos bancos russos para fugir das sanções.


IMPACTOS ECONÔMICOS NO BRASIL De acordo com a pesquisa Sondagem da América Latina, divulgada recentemente pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a guerra entre Rússia e Ucrânia deve gerar impactos econômicos no Brasil, principalmente em relação aos combustíveis, alimentos e câmbio. Apesar dos 10 mil quilômetros de distância do Brasil em relação ao Leste europeu, o conflito pode elevar os juros e disparar a inflação. Uma das razões é a exposição maior aos fluxos financeiros globais que o restante da América Latina, com o dólar subindo e a bolsa caindo mais que na média do continente. A própria pesquisa, que ouviu 160 especialistas em 15 países, constatou a deterioração do clima econômico. Na média da América Latina, o Índice de Clima Econômico caiu 1,6 ponto entre o quarto trimestre de 2021 e o primeiro trimestre deste ano, de 80,6 para 79 pontos. No Brasil, o indicador recuou 2,8 pontos, de 63,4 para 60,6 pontos, e apresentou a menor pontuação entre os países pesquisados.


Grande parte da queda atual deve-se ao Índice de Situação Atual, um dos componentes do indicador, que reflete o acirramento das tensões internacionais e a elevação do preço do petróleo no início de 2022. O outro componente, o Índice de Expectativas, continuou crescendo, tanto no continente como no Brasil, mas a própria FGV adverte que o indicador que projeta o futuro também pode deteriorar-se caso o conflito entre Rússia e Ucrânia se prolongue.


COMBUSTÍVEIS

A guerra entre Rússia e Ucrânia pode prejudicar a economia do Brasil, principalmente a partir do mercado dos combustíveis. O preço internacional do petróleo, cujo barril do tipo Brent encerrou a semana em US$ 105, no maior nível desde 2014. O mesmo ocorre com o gás natural, produto do qual a Rússia é a maior produtora global, cujo BTU, tipo de medida de energia, pode chegar a US$ 30, conforme declarou, durante coletiva à imprensa, o diretor de Refino e Gás Natural da Petrobras, Rodrigo Costa.


O Brasil usa o gás natural para abastecimento das termelétricas. Para o diretor da estatal, a perspectiva é que a elevação dos reservatórios das usinas hidrelétricas no início do ano possa compensar, pelo menos nesta fase de início de conflito. Em relação à gasolina, a recuperação da safra de cana-de-açúcar está reduzindo o preço do álcool anidro, o que também ajuda a segurar a pressão do barril de petróleo num primeiro momento. Desde novembro do ano passado, o litro do etanol anidro acumula queda de 24,6% em São Paulo, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo. As maiores pressões sobre combustíveis estão ocorrendo sobre o diesel, que não tem a adição de etanol e subiu 3,78% em janeiro, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), que funciona como prévia da inflação oficial.

ALIMENTOS A guerra no Leste europeu pode afetar o Brasil também pelo abastecimento de alimentos. A Rússia é a maior produtora mundial de trigo. A Ucrânia ocupa a quarta posição. A solução seria apelar para a Argentina, mas a seca no país vizinho está comprometendo a safra local. Cabe lembrar que a Rússia é o maior produtor mundial de fertilizantes e o Brasil compra 20% destes produtos do mercado russo.


Das 100 categorias mais importadas pelo Brasil no mercado global, oito vêm da Rússia. A maior parte é de produtos químicos e fertilizantes usados na produção agrícola brasileira – um dos motores do PIB do país, mesmo em tempos de crescimento lento. Mesmo que não haja um desabastecimento, o agronegócio brasileiro pode ter que repassar preços relevantes da safra, prolongando a inflação mais alta de alimentos que atinge o país desde o início da pandemia do coronavírus. O Brasil ainda perde um mercado relevante destes mesmos produtos agrícolas. Em 2021, a Rússia importou quase US$ 350 milhões de soja brasileira, mais de US$ 320 milhões em carnes e US$ 130 milhões de café em grão.

DÓLAR E JUROS

O conflito entre Rússia e Ucrânia pode impactar no câmbio. Ainda que os efeitos até o momento sejam pequenos, o prolongamento da guerra poderá fazer o dólar disparar. Neste caso, o Banco Central poderá aumentar a taxa Selic (juros básicos da economia). Nesse caso, o crescimento econômico para este ano ficaria ainda mais prejudicado.

 
 
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