O presidente Jair Bolsonaro tem acumulado derrotas políticas desde que resolveu travar uma batalha pela suspensão do isolamento social e o imediato restabelecimento das atividades no país, como forma de salvar a economia. Isolado, com a credibilidade abalada e com a imagem cada vez mais desgastada em função da postura assumida diante da pandemia do coronavírus, Bolsonaro faz o Brasil mergulhar em uma crise política e social, correndo sérios riscos de deixar o governo por meio de um impeachment.
Na sexta-feira (27/3), Bolsonaro perdeu mais uma batalha. O Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro enviou, um pedido ao Ministério da Saúde para que a verba de R$4,8 milhões que o governo está destinando para uma campanha anti-isolamento seja usada para comprar respiradores e demais equipamentos utilizados no combate ao coronavírus. A campanha “O Brasil não pode parar” prega o isolamento apenas dos grupos de risco – indo contra todas as recomendações da.Organização Mundial de Saúde (OMS) e da comunidade científica mundial. O MPF determinou prazo de 72 horas para que os órgãos acatem a determinação.
O isolamento social é uma prática que vem sendo utilizada no mundo inteiro e é apontada como a mais efetiva para conter a pandemia. Além de contrariar as recomendações da OMS e do próprio Ministério da Saúde, Bolsonaro resolveu atacar os governadores que são contrários à sua posição. As atitudes do presidente têm causado perplexidade, tanto aos seus apoiadores quanto aos opositores. Em meio à crise do coronavírus, o presidente demonstra total incapacidade para comandar o Brasil, criando um clima de insegurança e provocando tensões de norte a sul do país.
“Como indicação das fontes de recursos para atendimento das referidas demandas, recomenda-se que sejam utilizados os recursos atualmente destinados à propaganda governamental, nos termos do amplamente discutido na Audiência Pública da Saúde no STF, notadamente quando se tem em conta os recentes gastos do orçamento da União com propaganda contra o isolamento social, em contrariedade às diretrizes da Organização Mundial da Saúde”, afirmou o procurador Leandro Mitidieri.