por Alexandre Costa (*)
O golpe que destituiu a primeira mulher eleita à Presidência da República resultou em inúmeros prejuízos e estragos ao Brasil. Da posse de Michel Temer até hoje, o país passou por profundas transformações. Cerca de quatro anos e meio após o impeachment, os retrocessos são evidentes e estão por todos os lados: nas estatísticas, nos percentuais, em indicadores sociais e econômicos e, principalmente, nos investimentos que incidem diretamente na vida da população e no desenvolvimento do país.
Com Jair Bolsonaro à frente da nação, o país ultrapassa a vergonhosa marca de 300 mil mortes em decorrência da covid-19 e corre o risco de entrar em colapso generalizado.
Para entender o Brasil de hoje, não basta apenas analisar o governo Bolsonaro, que entrará para história como um genocida que ataca compulsivamente a soberania popular, o sistema de Justiça, os direitos humanos e a vida. É preciso voltar a agosto de 2016.
Não é necessário ser um expert para concluir que as pedaladas fiscais atribuídas à Dilma fizeram parte do acordo inescrupuloso para retirá-la da presidência. Da mesma forma, não é preciso ser nenhum Sherlock Holmes para elucidar a trama armada pela Operação Lava Jato que incriminou Lula nos casos do triplex e do sítio de Atibaia, evitando assim que fosse eleito novamente presidente do Brasil. Estes e inúmeros outros fatos foram denunciados repetidas vezes e em diversas instâncias.
Mas como diz o dito popular, antes tarde do que nunca. Mesmo atrasado, agora o Supremo Tribunal de Justiça (STF) oferece à sociedade brasileira a ponta do barbante. A decisão do STF, de anular as condenações do ex-presidente Luiz Inácio da Silva, vai muito além de restabelecer a justiça para Lula. Por trás da suspeição do ex-juiz Sergio Moro ainda está um manto que acobertou o conluio armado pela direita e extrema direita (empresários, latifundiários, elites detentoras do capital, grande imprensa e judiciário) para retirar o PT do governo, com um impeachment fraudulento e com a prisão ilegal e criminosa de Lula.
A imparcialidade de Moro e de seus procuradores adestrados é um fato determinante para que o Brasil compreenda a estratégia maquiavélica adotada pela Operação Lava Jato. O maior escândalo judiciário da história, como citou o ministro da suprema Corte Gilmar Mendes, é apenas o fio da meada para desvendar o golpe que levou o Brasil a mergulhar nas águas turvas do fascismo e na amarga realidades dos retrocessos.
A armadilha que começou com o golpe de Dilma foi decisiva para a eleição de Bolsonaro. O que as forças reacionárias e conservadoras não perceberam ainda é que o impeachment levou o país, inclusive eles próprios, ao fundo do poço.
(*) Alexandre Costa é jornalista, proprietário e idealizador do www.esquinademocratica.com.