LULA RESTABELECEU O DIÁLOGO NA POLÍTICA BRASILEIRA E EMPURROU OS FASCISTAS DE VOLTA PARA O ARMÁRIO

por Alexandre Costa (*)

Os partidos de esquerda saíram fortalecidos das eleições de outubro passado. A vitória de Lula não apenas mudou a correlação de forças na Câmara e no Senado como mostrou a importância do diálogo no mundo da política. Não fosse a resistência da esquerda e de setores progressistas da sociedade, talvez hoje estivéssemos lamentando a reeleição de Jair Bolsonaro. Para não repetir os mesmos erros, se faz necessário voltar no tempo e compreender o que levou os brasileiros a elegerem um fascista para a presidência do seu país. A vitória da democracia e o combate ao fascismo desmascararam o bolsonarismo, ficando ainda mais evidente que o movimento junto aos quartéis não passava de uma ação estrategicamente armada para manter a direita e a extrema direita no poder. A vitória, portanto, não foi apenas de Lula, como ele mesmo disse em alto e bom tom, e sim de todos os brasileiros. Para muito além da derrota simbólica do fascismo bolsonarista, o conjunto da sociedade precisa assimilar as razões pelas quais chegamos a tamanha degradação da política brasileira. É necessário compreender, por exemplo, que o país só vai progredir à medida que enxergar o seu povo como prioridade. Se a classe dominante continuar mirando apenas nos lucros, sacrificando ao máximo os mais pobres, como uma forma de explorá-los, dificilmente o Brasil alcançará índices aceitáveis de desenvolvimento humano e de crescimento econômico.

Neste sentido, é importante enxergar que o impeachment de Dilma foi um golpe de estado, articulado por grupos políticos que ainda dominam o Congresso Nacional, a chamada bancada da bala, da Bíblia e do boi, extensiva ao agro e à especulação financeira. Há quem diga que falar sobre o impeachment de Dilma não é nada oportuno para o atual momento político. A ferida, que ainda está aberta, continua viva e serve de alerta para que o país não seja vítima de novos/velhos retrocessos. A democracia é imprescindível para o desenvolvimento e para o futuro do Brasil. Diante da ameaça do fascismo bolsonarista, cabe aos setores que apoiaram o impeachment de Dilma refletirem sobre suas posições políticas e as consequências delas para o país. À medida que o tempo vai passando, a democracia vai se fortalecendo e os defensores do golpe (os que idolatram Brilhante Ustra, odeiam negros, gays, índios e desvalorizam as mulheres) vão retornando para os seus armários. Lá é o único lugar onde conseguem esconder o fascismo que existe no interior das suas almas. (*) Alexandre Costa é jornalista e responsável pelo www.esquinademocratica.com