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JUSTIÇA QUEBRA SIGILO FISCAL DE CARLOS BOLSONARO E INVESTIGA ESQUEMA DE RACHADINHAS NA CÂMARA DO RIO

Foto do escritor: Alexandre CostaAlexandre Costa

O Ministério Público do Rio de Janeiro está investigando um suposto esquema de "rachadinha" no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos). O Tribunal de Justiça quebrou os sigilos fiscal e bancário do filho do presidente e está apurando a contratação de funcionários "fantasmas" no gabinete do parlamentar. Além de Carlos, a medida atingiu outras 26 pessoas e sete empresas. Em nota, o vereador afirma que está à disposição para prestar qualquer tipo de esclarecimento às autoridades. A investigação foi aberta em julho de 2019. E agora, pela primeira vez, os promotores falam na possibilidade da prática de "rachadinha" no gabinete de Carlos Bolsonaro.

Eleito pela primeira vez em 2001, o vereador está no sexto mandato consecutivo. Durante os 20 anos de atuação na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, dezenas de pessoas já foram nomeadas em seu gabinete. O MP pediu a quebra dos sigilos para saber se a contratação desses funcionários fantasmas foi ou não um instrumento utilizado pelo vereador para desviar salários. O regulamento da Câmara do Rio determina que os assessores têm que cumprir uma jornada de trabalho de 40 horas semanais. Porém, o MP afirma ter indícios de que vários desses assessores não cumpriam o expediente na casa e podem ser considerados funcionários "fantasmas".


A prática, segundo os promotores, está associada a saques de dinheiro em espécie das contas dos assessores "fantasmas", e que são entregues a funcionários de confiança do gabinete responsáveis pela arrecadação. MP identificou que Carlos Bolsonaro manteve e utilizou grandes quantias de dinheiro vivo ao longo dos mandatos como vereador no Rio. E destacou pelo menos três episódios registrados que ilustram essas práticas. Em 2003, Carlos pagou R$ 150 mil em espécie na compra de um apartamento na Tijuca, na Zona Norte do Rio. Em 2009, o vereador entregou R$ 15,5 mil, também em espécie, pra cobrir um prejuízo que teve na bolsa de valores.


Os assessores do gabinete suspeitos de serem funcionários "fantasmas" foram divididos pelo MP em seis núcleos. Um deles é formado por parentes de Ana Cristina Siqueira Valle – ex-mulher de Jair Bolsonaro (sem partido), mãe do quarto filho do presidente da República, Jair Renan. Ana Cristina foi chefe de gabinete de Carlos entre 2001 e abril de 2008 – ano em que se divorciou de Jair Bolsonaro. Desde junho, Ana Cristina e Jair Renan moram em uma mansão avaliada em R$ 3,2 milhões no Lago Sul, área nobre de Brasília. O aluguel de casas vizinhas à da ex-mulher do presidente da República e de Jair Renan é de cerca de R$ 15 mil por mês. Ana Cristina pagaria R$ 8 mil, mais do que o salário de R$ 6,2 mil que recebe como assessora da deputada federal Celina Leão, do Progressistas. Ana Cristina também foi alvo de comunicações do Coaf.


O documento revela que, durante o período em que esteve à frente do gabinete de Carlos Bolsonaro, ela recebeu "depósito de elevadas quantias de dinheiro em espécie em sua conta bancária". Como, por exemplo, um depósito de mais de R$ 191 mil em março de 2011. E outro de mais de R$ 341 mil em julho do mesmo ano. O pedido de quebra de sigilo destaca ainda que Ana Cristina tinha um saldo de R$ 602 mil, que – segundo o Coaf – seria incompatível com a renda dela.

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