JORNALISTAS RECEBERAM 3,3 MILHÕES DE MENSAGENS OFENSIVAS PELO TWITTER NOS ÚLTIMOS 3 MESES DE 2022
- Alexandre Costa
- 29 de abr. de 2023
- 2 min de leitura

Um relatório elaborado pela Repórteres Sem Fronteira (RSF) em parceria com o Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic), da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), revelou que jornalistas e empresas de comunicação receberam 3,3 milhões de mensagens ofensivas ou com conteúdo intimidatório pelo Twitter, apenas nos últimos três meses de 2022, justamente o ápice do período eleitoral.
Divulgado na sexta-feira (28/4), o documento é parte da pesquisa O jornalismo frente às redes de ódio no Brasil e mostra a violência contra o trabalho da imprensa durante as eleições de 2022. O estudo acompanhou o perfil no Twitter de 121 jornalistas ou analistas de política que trabalham no país. A pesquisa "identificou dois perfis de agressores: autoridades públicas e influenciadores ligados ao campo político do ex-presidente Jair Bolsonaro, com grande número de seguidores e repercussão relevante nas redes, e usuários 'desconhecidos'."
A entidade identificou um padrão de comportamento das redes bolsonaristas para atacar repórteres. "Quando o ex-presidente ou algum influenciador faziam uma postagem de teor hostil a um/a jornalista ou meio específico/a, era como se um comando fosse dado: a quantidade de ataques àquele jornalista ou veículo por usuários comuns aumentava exponencialmente." O relatório cita como exemplo os ataques à apresentadora da CNN Brasil Gabriela Prioli, que foi alvo de uma publicação crítica de Bolsonaro no dia 1º de setembro de 2022. No final do dia, a mensagem já tinha mais de 13 mil republicações e alcançou mais de 13,6 milhões de pessoas. "
Era tudo claramente pensado e orquestrado, tinha uma estratégia política por trás, para promover esse ódio e descredibilização em relação ao papel da imprensa como mediador social. Essa onda de ódio que vimos e conseguimos quantificar nessa pesquisa reforçam a perspectiva de que a hostilidade contra a imprensa ganhou um fôlego no governo passado e está claramente associada à extrema-direita no país", afirma Artur Romeu, diretor do escritório da Repórteres Sem Fronteiras para América Latina.