Grafite em protesto à atuação do prefeito Melo na enchente tem novo capítulo após ser removido da fachada do Casaverso por determinação do TRE
- Alexandre Costa
- 17 de ago. de 2024
- 2 min de leitura

Por determinação do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS), o grafite de Filipe Harp, denominado Chimelo, foi removido da fachada do centro cultural Casaverso no início da tarde de sexta-feira (16/8), por ser considerada propaganda eleitoral antecipada. A obra é um protesto pela atuação desastrosa do prefeito Sebastião Melo (MDB) durante a enchente de maio deste ano. Após a retirada do Chimelo, surgiram cartazes com novos protestos no local, conforme publicou o site Matinal.
A notificação oficial do TRE deu prazo de 24 horas para que o grafiteiro removesse a obra e estipulou pena de multa de R$ 5 mil por dia, em caso de descumprimento da decisão, resultado de ação ajuizada pela coligação Estamos Juntos Porto Alegre (MDB, PL, Podemos, PRD PSD e Solidariedade). A coligação que dá suporte à candidatura de Melo à reeleição também solicitou ao Tribunal que fossem proibidos a reprodução do mesmo grafite e o emprego do termo “Chimelo” para se referir de qualquer forma ao candidato.
No entanto,o TRE negou essas deliberações sob pena de “caracterizar-se ato de censura prévia, o que é expressamente vedado em lei”. Em relação à solicitação da remoção de qualquer veiculação de imagens da pintura em redes sociais, a 113ª Zona Eleitoral de Porto Alegre alegou que a fiscalização de propaganda na internet cabe a outro juizado, o da 161ª Zona Eleitoral.
O grafite de Harp é inspirado na ilustração do artista Bruno Ortiz Monllor e havia sido feito originalmente em julho, no muro da Praça Argentina, Centro Histórico da Capital. A obra foi coberta por uma camada de tinta menos de um mês depois. Um dia após ser apagada, a frase “Melo chinelão” apareceu pichada no mesmo muro. A pichação também foi apagada, uma nova frase — “Da memória ninguém apaga” — sendo pintada no local.
No último sábado, Harp pintou uma reinterpretação da obra no muro da Casaverso, com o nariz da caricatura do prefeito sendo colocado na altura que a água alcançou no prédio. A a pintura original na Praça Argentina foi apagada pela empresa BVK Obras e Saneamentos, contratada pela Prefeitura de Porto Alegre para manutenção da malha viária do município. A empresa foi contratada, por dispensa de licitação, em janeiro deste ano e o objeto do contrato, conforme reportagem do Sul21. O Diário Oficial do município publicou o contrato, que tem valor de R$ 1,85 milhão e validade de 85 dias, com prorrogações sucessivas limitadas a 1545 dias, e se refere à “prestação de serviços contínuos, através de cessão de mão de obra, na manutenção preventiva e corretiva da malha viária do município para a Divisão de Conservação de Vias da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos”.
Filipi Harp, que assinou a obra com outros seis artistas, disse que considerou a ação um novo ato de censura. Conforme publicou o site Matinal, no fim da tarde, alguns cartazes, críticos à decisão, haviam sido colados onde antes estava pintado o rosto do prefeito. “Não adianta apagar, não iremos esquecer”, dizia um deles.

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