
A polêmica sobre o retorno às aulas presenciais no Rio Grande do Sul continua mobilizando a comunidade escolar e a sociedade gaúcha. Nesta terça-feira (1/9), o governo do estado apresentou um novo cronograma para a retomada das aulas de forma escalonada, a partir da terça-feira da semana que vem, dia 8 de setembro, se estendendo até o dia 12 de novembro, com retorno de todos os estudantes. Para o Cpers-Sindicato, a proposta do governo é precipitada e irresponsável. A Famurs também é contra o retorno, em função da falta de segurança. Já o Sindicatos do Ensino Privado no Estado (Sinepe/RS) deve emitir nota após o anúncio oficial por parte do governo do estado.
O detalhamento da proposta foi apresentado hoje pela manhã a prefeitos, ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas do Estado (TCE). A primeira proposta já havia sido rejeitada por 94,6% dos prefeitos gaúchos. O novo cronograma prevê retorno escalonado, começando com a Educação Infantil, dia 8 de setembro, seguido pelo Ensino Médio e Ensino Superior, no dia 21 de setembro, e em seguida com o Ensino Fundamental, divido em dois grupos: dia 28 de outubro para os anos finais e no dia 12 de novembro os anos iniciais.
O governo do estado reiterou que cada município será responsável pela decisão de retornar às aulas ou não às atividades. A retomada às aulas seguirá o modelo de distanciamento controlado. Somente os municípios das regiões com bandeira amarela ou laranja poderão retornar às aulas. No entanto, diversas entidades são contrárias ao retorno às atividades, em função da falta de segurança e do elevado número de mortes e de contaminações. Entidades representativas de professores das redes pública e privada promoveram um protesto no dia 19 de agosto, em frente ao Palácio Piratini, em Porto Alegre. Estudantes, além de pais, mães e responsáveis, participaram da mobilização e manifestaram contrariedade ao retorno às aulas.

O MUNDO SEM AULAS
Pelo menos 1,5 bilhões de estudantes ficaram fora da escola em mais de 160 países, segundo relatório do Banco Mundial. No Rio Grande do Sul, as salas de aula das redes públicas e privadas estão vazias há quase seis meses.Um estudo chamado "Educação e Pandemia no RS", elaborado pelo Cpers em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e realizado junto às direções de escolas da rede estadual, revelou que 96% das instituições de ensino têm profissionais pertencentes ao grupo de risco para o coronavírus e que 44% dos educadores se enquadram neste público-alvo da doença. A pesquisa analisou 2.131 questionários distribuídos entre 872 colégios.

Outra pesquisa, elaborada e coordenada pela Associação Mães e Pais pela Democracia (AMPD), abordando o atual cenário da educação em Porto Alegre, em tempos de pandemia, foi apresentada pelo Comitê da Crise Educacional do Rio Grande do Sul. O levantamento aponta para questões existentes antes mesmo da pandemia, mas que se tornaram ainda mais evidentes. De acordo com a pesquisa existe um verdadeiro abismo de desigualdades entre alunos, em decorrência das diferenças das condições econômicas e sociais das famílias. Estas desigualdades são maiores entre estudantes da rede pública e privada, mas também há diferentes realidades entre alunos das mesmas redes. As questões tecnológicas tronaram ainda mais visíveis as desigualdades de acesso à educação.
A pesquisa online foi respondida por cerca de 7 mil pessoas, sendo a amostra ponderada, proporcional ao número de matrículas e número de professores das redes municipal, estadual e privada de Porto Alegre foi de 2.200 casos, apresentou cerca de 50 questões e, em média, levou oito minutos para ser finalizada. O objetivo das questionamentos era compreender o que pensam e o que querem mães, pais, alunos e educadores que atuam na educação básica de Porto Alegre, na rede municipal, estadual e na rede privada.
A pesquisa tem apoio de diversas entidades, como Associações de Orientadores Educacionais do Rio Grande do Sul (AOERGS), Associações dos Supervisores Educacionais do Rio Grande do Sul (ASSERS), Fórum Gaúcho de Educação Infantil (FGEI), CPERS/Sindicato, Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), SINPRO-RS e SINASEFE-IFSul. Os resultados das duas primeiras fases já foram divulgados no dia 31 de julho e no dia 7 de agosto.