por Alexandre Costa (*)
Esta semana será decisiva para o futuro do Brasil. Na quarta-feira (14/4), o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) julga um recurso da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra a decisão de Edson Fachin, que no dia 8 de março decidiu pela anulação das condenações impostas pelo ex-juiz Sergio Moro ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao anular as condenações de Lula, a intensão de Facchin era evitar que a Segunda Turma do STF julgasse a suspeição de Moro. No entanto, o ministro Gilmar Mendes percebeu a manobra jurídica do seu colega e no dia 23 de março, colocou a suspeição de Moro em votação. Por três votos a dois, a Segunda Turma da Suprema Corte considerou o ex-juiz da Lava Jato parcial nos processos contra Lula.
A decisão abalou as estruturas do judiciário e mexeu no tabuleiro do complexo cenário político do país. De olho no futuro, o presidente Jair Bolsonaro percebeu que a decisão de Facchin praticamente inviabiliza sua reeleição. O plenário do STF não poderá determinar a anulação de todas as decisões tomadas pela 13ª Vara de Federal de Curitiba nas ações penais abertas contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito da Lava-Jato, como deseja Facchin. A única saída para retirar Lula de cena seria anular a suspeição de Moro, visto que ela invalida os processos contra o ex-presidente desde a origem. Se essa questão voltar a ser discutida em plenário, o mais provável é que a maioria dos ministros declare a validade da decisão da Segunda Turma. Ou seja: Lula estará definitivamente liberado para concorrer à Presidência da República em 2022. Bolsonaro percebeu que para reverter as decisões do STF será necessário um golpe ainda mais escandaloso do que os cometidos para prender Lula e assim retirá-lo da disputa de 2018. Por isso, é preciso ficar atento aos movimentos das peças neste tabuleiro movediço da política brasileira. Não foi à toa que o ministro Edson Facchin concedeu entrevista à revista Veja e afirmou que “não seria inusual” se o plenário da Corte revertesse a decisão sobre a suspeição do ex-juiz Sergio Moro. Se isso acontecer o Brasil estará diante de um novo golpe. A semana começa quente e é necessário muita atenção para o trabalho sorrateiro dos chamados formadores de opinião. Uma das argumentações será tratar como normal a decisão de reverter a suspeição de Moro. Este é o melhor caminho para a direita conservadora e para o conglomerado da grande imprensa. Além de impedir que Lula concorra em 2022, em função da ficha limpa, evita que o monopólio da mídia tenha que assumir a sua participação no golpe da presidenta Dilma e na própria eleição de Jair Bolsonaro. Seja como for, mais cedo ou mais tarde os barões do jornalismo terão de acertar as contas com a história e assumir suas responsabilidades nesta tragédia arquitetada pela direita retrógrada e inconsequente contra o próprio Brasil. (*) Alexandre Costa é jornalista, proprietário e idealizador do www.esquinademocratica.com