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ELEIÇÕES DE 2022 SERÃO MARCADAS POR AMEAÇAS, HOSTILIDADES E VIOLÊNCIA, AO MELHOR ESTILO DAS MILÍCIAS


À medida que Lula cresce nas pesquisas de intenção de voto, o ambiente político, social e econômico do Brasil parece mais tenso. Durante todo o período do seu governo e até mesmo antes, quando era candidato, Jair Bolsonaro seguiu à risca as estratégias definidas pelos seus idealizadores. O presidente tem sido fiel aos interesses de quem realmente lhe dá guarida e lhe sustenta. Diante de um futuro incerto, o Brasil mergulha nas águas turvas e tristes, tal qual o passado verde-oliva, dos coturnos, das torturas e do silêncio.


Além de embarcar na onda de demonização do PT e dos riscos do comunismo, Bolsonaro resgatou valores que estavam adormecidos nos porões da ditadura militar. Um bom exemplo é a idolatria ao falecido coronel Brilhante Ustra, um sádico torturador a quem Bolsonaro se referiu como "o terror de Dilma Rousseff". Do ponto de vista prático, em relação a obras e iniciativas voltadas ao desenvolvimento do Brasil, seu governo não foi muito diferente dos seus mandatos como deputado federal.


O desrespeito à vida têm sido uma constante e faz parte da rotina do atual presidente e da sua própria história.

Jair Bolsonaro dispensa o uso de capacete nas atividades políticas que reúne centenas de motociclistas, em uma clara e evidente demonstração de desrespeito às leis e às regras. Foi assim também com as máscaras, que durante a pandemia se tornaram essenciais à proteção individual e coletiva. O presidente ignorou as recomendações de médicos e cientistas, violou regras, demonstrando total descaso com os milhares de brasileiros vítimas da Covid-19.


Identificado com a chamada bancada BBB (da bíblia, da bala e do boi), o governo do presidente Jair Bolsonaro beneficiou estes setores e outros que caminham à margem da legalidade. O resultado não poderia ser diferente: desmatamento desenfreado, liberação de agrotóxicos que antes eram proibidos, áreas de preservação destruídas pelo fogo, ascensão do garimpo, guerra contra as tribos indígenas e etc. Já nos grandes centros urbanos, as marcas do seu governo são visíveis e contribuem muito para a sua queda de popularidade. A alta dos preços dos combustíveis, dos alimentos e da energia elétrica, além do aumento da violência policial, principalmente contra pobres e negros, são responsáveis pela já anunciada derrota nas urnas.


É por isso que não surpreende a notícia publicada na quinta-feira (26/5), pelo jornalista Moisés Mendes, colunista do www.brasil247.com, sobre as ameaças feitas por facções gaúchas ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, fato que o fez cancelar uma palestra em Bento Gonçalves, município localizado na serra do Rio Grande do Sul. "A elite empresarial se articulou e avisou que não seria uma boa ideia", escreveu o jornalista. Moisés Mendes questiona se os grupos de empresários enxergam Fux e o Supremo como inimigos de Bolsonaro? Ressalta, ainda, que a Polícia Federal e o Ministério Público terão de se manifestar, pois ações semelhantes de sabotagem e advertências ameaçadoras a ministros do STF podem se disseminar pelo país. "Fux poderia sofrer um atentado em Bento?", questiona o jornalista, afirmando que "as instituições da democracia que não se acovardam terão de responder".


As ameaças ao presidente do STF, ministro Luiz Fux, são, aparentemente, anônimas. Porém, seguem na mesma linha das desferidas pelo grande líder, chamado de mito pelos seus apoiadores. No dia 7 de setembro de 2021, o presidente praticamente convocou a população para que agisse contra o Judiciário. Talvez este tenha sido o momento político mais tenso, desde a redemocratização do país. Como as ameaças de golpe não se concretizaram, Bolsonaro perdeu ainda mais a credibilidade e, por pouco, não virou uma chacota nacional.


O tempo passou e, como todos sabem, a memória do brasileiro é curta. Em maio, o presidente voltou a fazer ameaças. Atordoado pelas pesquisas eleitorais, na quinta-feira (19/5), Bolsonaro afirmou que "se não tiver auditoria, não vai ter eleição". A declaração nada mais é que parte da estratégia de colocar em dúvida o processo eleitoral e a urna eletrônica.


Dois dias antes (17/5), no município de Propriá, no Sergipe, o presidente defendeu o uso de armas de fogo por civis e voltou a fazer ameaças às instituições e ao sistema eleitoral, alegando que a democracia corre risco no Brasil. “Não interessam os meios que, por ventura, um dia tenhamos que usar. A nossa democracia e a nossa liberdade são inegociáveis”, disparou o presidente. “Defendemos o armamento para o cidadão de bem porque entendemos que arma de fogo, além de uma segurança pessoal para as famílias, também é a segurança para nossa soberania nacional e, a garantia de que a nossa democracia será preservada”, afirmou Jair Bolsonaro.


Portanto, a sua convicção sobre a necessidade do voto impresso é falsa. Ainda que o voto impresso realmente seja uma garantia de maior segurança ao sistema eleitoral, o que Jair Bolsonaro deseja realmente é criar fatos. A defesa que o presidente e seus apoiadores fazem sobre o voto impresso é apenas mais uma distorção grosseira para transformar temas sérios em polêmicas absurdas. O objetivo de Bolsonaro não é discutir a questão em si, mas distorcer os fatos para desestabilizar o país.


O anúncio de que pretende dar um golpe caso seja derrotado na eleição de outubro, assim como o ex-presidente Donald Trump fez nos EUA, demonstra que o Brasil vive um período de tensão. À medida que a eleição se aproxima, antevendo a derrota para Lula, resta a Jair Bolsonaro atacar a democracia, criando um clima de hostilidade, de ameaças e de violência, ao melhor estilo das milícias.

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