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DOCUMENTÁRIO "A FOME DA QUEBRADA" MOSTRA A REALIDADE DOS MORADORES DA PERIFERIA DURANTE A PANDEMIA


O coronavírus trouxe uma outra pandemia aos olhos do Brasil: a fome. Tão grave quanto o vírus que já fez mais de 530 mil vítimas no país, a falta de alimentação vem atingido níveis alarmantes no país. Em 2020, a fome bateu na porta de cerca de 19 milhões de brasileiros, conforme dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional. Nas cinco comunidades do Jardim Ibirapuera – Favela da Felicidade, Erundina, Pinhal Velho, São Francisco de Assis e Macedônia -, em São Paulo, a escassez de comida tem levado mais de 4.200 moradores a dependerem das doações para sobreviverem.


A família do produtor cultural, Rick Lima, sentiu os efeitos do desemprego no começo do ano passado e, ao observar as dificuldades de casa e dos próprios vizinhos, decidiu registrar como é o dia a dia de quem não ter o que comer, na periferia da maior cidade do Brasil. O trabalho foi compilado no documentário A Fome da Quebrada, recém-lançado como uma forma de apelo ao poder público e à iniciativa privada. “Nós, hoje, só temos doações de pessoas físicas. A intenção é levar a realidade da favela pro Brasil, porque muita gente não conhece a dificuldade, a fome e o avanço da pandemia, aqui, dentro da comunidade”, afirma Lima.


O documentário acompanha a rotina da líder comunitária, Ivanete Frederico de Almeida, conhecida como Pretta, que atua há 18 anos na região. Em 2020, ela movimentou várias campanhas de arrecadação para distribuir e incentivar o uso de máscaras e álcool em gel nas comunidades, mas a demanda por alimentos superou todas as necessidades com o agravamento do desemprego e da vulnerabilidade financeira das famílias. “Todo dia, chegam pessoas me pedindo doações e eu tô muito preocupada. A minha esperança é as pessoas compartilharem esse documentário pra que chegue nas autoridades, no poder público, e nas pessoas que podem ajudar, pra que cheguem as doações pra matar a fome do meu povo”, desabafa Pretta.


O poder aquisitivo de muitas famílias reduziu tanto que, além de não conseguirem arcar com a alimentação diária, não possuem o suficiente para comprar sequer o gás de cozinha. A solução tem sido um fogão à lenha comunitário, em que os moradores se revezam para preparar do café da manhã ao jantar. Elza Lopes, desempregada, lamenta a situação: “o que eu mais quero é que acabe essa pandemia e que possa aparecer mais trabalho pras pessoas viverem a sua vida com dignidade, pra poderem se alimentar e não dependerem tanto das pessoas pra isso”.


Os moradores clamam, ainda, por uma participação maior da iniciativa privada no combate à fome. A produtra de imagem Fotopontocom, apoiadora do documentário, já atuou em diversas campanhas no Jardim Ibirapuera, promovendo arrecadações de máscaras, álcool em gel e cestas básicas para as famílias. Carolina Soares, co-fundadora da empresa, defende que não existe um perfil ideal para assumir uma postura socialmente responsável. Para a empresária, qualquer modelo e porte de negócio pode incluir essa missão em sua cultura, agindo tanto pontualmente com campanhas e doações até com a melhoria do seu processo seletivo, gerando mais emprego e renda para os trabalhadores da periferia.


Ela reforça: “todos podem ser mais inclusivos nas suas contratações, não segregando as pessoas periféricas, por exemplo. Também é essencial observar se as famílias dos integrantes do seu time estão passando por alguma necessidade. Há muitas formas de ajudar, basta olhar ao redor. Certamente, no próprio bairro ou município em que a empresa está situada há uma demanda que pode ser atendida. Ao fazer o bem pelo próximo, ele faz por outra pessoa e isso vira uma corrente, dando força para que todos tenham, inclusive, mais confiança de lutar pelos seus direitos junto ao poder público”.


 
 
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