DESPEJO DA COZINHA SOLIDÁRIA EM PORTO ALEGRE MOSTRA QUE A JUSTIÇA FAZ PARTE DO SISTEMA DE EXCLUSÃO

São tristes as imagens das tropas do Grupo de Pronta Intervenção (GPI) da Policia Federal, durante a ordem de despejo da Cozinha Solidária Azenha, na quarta-feira (13/10), em Porto Alegre. É difícil compreender a decisão da Justiça. Em plena pandemia, diante de uma crise econômica sem precedentes no Brasil, com aumento da fome e da miséria, a decisão da reintegração de posse contraria a lógica e o bom senso. As mais de 150 refeições que são preparadas diariamente e entregues de forma voluntária a moradores de ruas naquela região da cidade não foram suficientes para suspender o despejo.

O episódio ocorrido no bairro Azenha, que até pode ser considerado trivial e aparentemente incapaz de produzir impactos frente ao tamanho da crise social brasileira, acaba revelando que o próprio Estado tem sido determinante para multiplicar a exclusão social no país. As refeições que alimentam as milhares de pessoas em situação de vulnerabilidade são produzidas, em grande parte, por inciativas de grupos e movimentos organizados, como é a Cozinha Solidária de Porto Alegre. Existem centenas ou quem sabe milhares de outras experiências similares a iniciativa idealizada pelos Trabalhadores sem Teto.

Até quando a solidariedade do povo, dos movimentos de base, das organizações sociais e populares, vai tapar o vazio causado pela inoperância dos governos e pela conivência da Justiça? Até quando???