DELAÇÃO PREMIADA DA VIÚVA DE ADRIANO DA NÓBREGA PODE ESCLARECER O ASSASSINATO DE MARIELLE FRANCO
- Alexandre Costa
- 8 de jul. de 2021
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Atualizado: 8 de jul. de 2021

A notícia sobre a já bem adiantada negociação de acordo de delação premiada de Júlia Emílio Mello Latufo com o Ministério Público Federal pode levar ao esclarecimento do assassinato da então vereadora do PSOL do Rio de Janeiro, Marielle Franco. A homologação do acordo com a viúva do capitão Adriano da Nóbrega, miliciano assassinado na Bahia e suspeito de participar da morte de Marielle Franco, deve ser concretizada na próxima semana. Já faz algumas semanas que o ex-senador Demóstenes Torres, advogado de Júlia Emílio Mello Latufo, procurou o MP, a pedido da sua cliente. De acordo com o jornalista Guilherme Amado, do portal Metrópole, o acordo está na segunda fase e trata de homicídios cometidos por organizações criminosas no Rio de Janeiro.
Júlia Lotufo viveu com Adriano da Nóbrega por cerca de dez anos. A viúva chegou a acompanhar o miliciano até a Bahia, onde ele foi morto, em fevereiro de 2020. Após o execução de Adriano, Júlia ficou foragida e teve sua prisão preventiva decretada, mas a punição foi reduzida a prisão domiciliar. A viúva de Adriano responde a um processo da 1ª Vara Criminal Especializada da Capital do RJ, por organização criminosa e lavagem de dinheiro. Após a morte do marido, Júlia Lotufo passou a cuidar do espólio e das atividades ilegais de Adriano da Nóbrega. Denunciada pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio (MPRJ), o envolvimento de Júlia ficou evidente após a apreensão de documentos que demonstram seu envolvimento na contabilidade dos negócios da quadrilha de Adriano. Uma planilha foi obtida na quebra do sigilo telemático da viúva.
Antes da morte de Nóbrega, Júlia Emílio Mello Latufo trabalhou na Subdiretoria-Geral de Recursos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
CAMINHO PARA DELAÇÃO Partiu de Júlia a iniciativa de fazer contato com os investigadores. Ela procurou inicialmente a Polícia Civil. O secretário de Polícia Alan Turnowski procurou o MP do Rio com o objetivo de fazer uma reunião da defesa de Júlia com a promotora Simone Sibílio, responsável pela investigação dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes. Este encontro ocorreu há algumas semanas, e Sibílio se interessou sobre as informações que Júlia tinha a fornecer sobre o caso Marielle. A defesa de Júlia foi encaminhada para outra área do Ministério Público, que investiga a participação de milicianos em assassinatos de aluguel – mortes como as cometidas pela organização criminosa Escritório do Crime.