por Alexandre Costa (*)
Talvez não tenhamos percebido, mas em um futuro próximo é bem possível que o conflito entre Rússia e Ucrânia seja lembrado pela História como o início da terceira guerra mundial. Estamos vivendo o ápice de uma crise política de proporções e consequências gigantescas. É triste constatar a incapacidade humana de refletir sobre a própria evolução, ignorando o passado e repetindo o comportamento predatório de sempre.
Nesta terça-feira (8/3), o presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou novas sanções à Rússia, interrompendo totalmente as importações de petróleo e de gás, em represália à invasão militar da Ucrânia. Não demorou muito e o governo russo reagiu ao boicote norte-americano restringindo a importação e a exportação de bens e matérias-primas, produtos que ainda não foram detalhados pelo governo de Wladimir Putin.
Ao comunicar as sanções à Rússia, Biden fez referência ao esforço dos EUA para acelerar a entrega de armas à Ucrânia, como se fosse uma inestimável ajuda ao país invadido. Silenciosa como lhe convém, a grande imprensa e seus conglomerados espalhados pelo planeta dificilmente divulgam informações sobre a lucrativa indústria bélica mundial. Tão importante quanto denunciar as violações de direitos humanos e os crimes de guerra, cabe ao bom jornalismo ao menos questionar quem está lucrando com a guerra promovida por Putin e Zelensky. Enquanto isso, protegido pela parcialidade da imprensa, o presidente Biden ressalta o esforço dos EUA para enviar mais de um bilhão de dólares (cerca de R$ 5 bilhões) em armamentos à Ucrânia.
A cada dia, a capacidade humana vem sendo desafiada nas mesas de negociações, verdadeiros teatros da insensatez bélica que se apossaram da vida no planeta. Não é de hoje que tiranos utilizam o jornalismo como arma na luta diária das versões. Infelizmente, as notícias se transformaram em meras ferramentas das estratégias de convencimento e persuasão das massas.
De um lado e de outro, as informações que chegam revelam o quanto é grave o atual cenário da geopolítica. Difícil não ser atingido pelas manchetes veiculadas diariamente pelo mercado das notícias e as projeções tendenciosas dos impactos econômicos deste prelúdio da terceira guerra mundial. As especulações sobre a alta dos preços, seja do petróleo, dos fertilizantes ou até mesmo do pão, vão destruindo esperanças de um mundo que ainda está de luto pelas mortes provocadas pela covid-19. Em meio às disputas de versões e diante da falta de credibilidade do jornalismo, resta à parte sensata da população mundial torcer ansiosamente pelo cessar-fogo e pela paz entre os povos. Enquanto isso, a banalização das imagens dos corpos banhados de sangue, empilhados junto aos escombros, nos remetem à reflexão de que a guerra também faz da "verdade" uma vítima invisível e permanente dos impérios decadentes aos quais estamos submetidos.
(*) Alexandre Costa é jornalista, responsável pelo www.esquinademocratica.com