Tão importante quanto o acesso às informações, é a capacidade de interpretá-las. Uma mesma notícia, por exemplo, pode gerar opiniões diferentes, ainda que a partir dos mesmos conteúdos. Por vezes, um único texto leva a compreensões distintas. Assim sendo, é imprescindível aceitar a existência de outros pontos de vistas e novas perspectivavas, o que leva a argumentos e entendimentos contrários. Neste contexto, lembrei de um provérbio chinês. Todos os fatos têm três versões: a sua, a minha e a verdadeira.
A busca pela exatidão conduz a um axioma, um conceito matemático que não precisa de demonstração para ser verdadeiro. É uma ideia considerada óbvia e tomada como consenso, mesmo sem provas. O princípio aristotélico da contradição ("nada pode ser e não ser simultaneamente") foi considerado desde a Antiguidade um axioma fundamental da filosofia. Subjetiva e complexa, vinculada a um conjunto de valores relacionados à ética e à moral, a verdade é flexível, estando sujeita à cultura e aos costumes de cada sociedade. Entre o relativismo moral e o dogmatismo, seguimos na árdua caçada à verdade, o que sugere prudência e mostra que é preciso ter cuidado com as certezas. Elas podem imobilizar, impedir avanços, impossibilitar descobertas e inviabilizar o novo. De tanto procurar a verdade, o Jornalismo mergulhou no oceano das dúvidas e acabou descobrindo que a versão é um ótimo recurso para lidar com tamanho dilema. Podemos sim recorrer à filosofia, Husserl, Sartre, Nietzsche, Foucault e outros tantos, mas tal qual o Jornalismo, optei por um atalho. A frase de Albert Einstein até pode ser um clichê, mas serve como uma luva: “Não são as respostas que movem o mundo, são as perguntas”.
Segue, abaixo, uma sucinta referência aos filósofos citados acima. Edmund Husserl (1859 – 1938) O filósofo alemão Husserl vai dizer que a verdade se dá através dos fenômenos que são observáveis, perceptíveis e sensíveis. “Chamamos isso de fenomenologia”. Jean-Paul Sartre (1905 – 1980) O filósofo francês Sartre, no contexto do final da 2ª Guerra Mundial, vai levar em conta o existencialismo. Para ele, a verdade está na essência do indivíduo, ela é resultado dos valores de uma sociedade. Para Sartre, não importa o que você é, importa você saber o que fazer com aquilo que fizeram de você. Friedrich Nietzsche (1844 – 1900) Nietzsche, nascido na Alemanha, faz uma crítica forte ao pensamento clássico – ao mundo das ideias, de Platão e Sócrates e diz que a verdade não existe. Michel Foucault (1926 – 1984) Foucault diz que para ser verdade, precisa ser totalmente livre, evitando vínculos com a institucionalização, gerando constrangimentos e formas de comportamento que levam a manipulação da verdade.