Ao que tudo indica, as eleições para presidente do Brasil, realizadas em outubro próximo, serão polarizadas. De um lado está o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cada vez mais favorito. De outro, o presidente Jair Bolsonaro, que tenta a reeleição mesmo com a queda da sua popularidade. Faltando menos de seis meses para o pleito, ainda não é possível fazer projeções e apontar tendências definitivas, tanto para a disputa presidencial quanto para governadores. A ideia de uma terceira via, com um nome de centro, capaz de aglutinar aqueles que não querem Lula tampouco Bolsonaro, está patinando. Eduardo Leite, João Dória, Sergio Moro e Ciro Gomes, até agora, não emplacaram.

No levantamento do instituto Datafolha realizado em 22 e 23 de março, é possível observar a polarização. Lula (PT) tem 43% de intenção de votos e Bolsonaro (PL) tem 26%. Sergio Moro ficou 8%. Ciro Gomes (PDT) ficou com 6%, André Janones (Avante) tem 3% e João Doria (PSDB) tem 2%. O código da pesquisa registrada no Tribunal Superior Eleitoral é BR-08967/2022.
No entanto, com o fechamento da janela partidária, na sexta-feira (1/4), é possível observar a movimentação dos parlamentares no troca-troca dos partidos. O crescimento repentino do PL é uma demonstração de força de Jair Bolsonaro, que conta ainda com o apoio do PP (Progressistas), Republicanos, PSC (Partido Social Cristão) e o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). Depois da janela partidária, o PL se tornou a maior bancada da Câmara, com 73 deputados. É mais do que o dobro do que o partido tinha na época da posse de Jair Bolsonaro, quando contava com 33 deputados.
Grande parte dos novos deputados do PL são oriundos do União Brasil, partido criado com a fusão do PSL e DEM. Antes da janela, logo após a junção das legendas, o União tinha 81 deputados. Mas, até o fechamento deste levantamento, o partido contava com 50. A estimativa é de que candidatos do PL possam se eleger com a metade dos votos que seriam necessários caso Bolsonaro não estivesse no seu partido.
Já o Partido dos Trabalhadores (PT), que tinha 53 deputados antes dos troca-trocas, deverá ficar com 57. Se perdeu a deputada Marília Arraes, que foi para o Solidariedade, o partido confirma a filiação de Gastão Vieira, que veio do Pros (Partido Republicano da Ordem Social), Flavio Nogueira (PDT, Partido Democrático Trabalhista) e Rubens Pereira Junior (PCdoB, Partido Comunista do Brasil). Além deles, Josias Gomes, que era secretário do governo da Bahia, retorna ao mandato. E Márcio Macedo herda a vaga do deputado federal Valdevan 90 (PL-SE), cassado pela Justiça Eleitoral por abuso de poder econômico.
A janela partidária permite que deputados federais e estaduais mudem de partido sem correr o risco de perder o mandato. Mesmo com o fim do prazo, os números ainda podem mudar, já que filiações registradas no sistema do Tribunal Superior Eleitoral até sexta-feira podem ser comunicadas posteriormente à Secretaria-Geral da Mesa da Câmara dos Deputados.
Mesmo antes da chamada janela partidária, 39 deputados já haviam deixado a legenda pela qual foram eleitos em 2018. Além do cenário eleitoral, uma motivação para mudança de legenda é a fusão ou incorporação de partidos. Em 2019, quando a cláusula de barreira passou a vigorar, houve a incorporação do Partido Republicano Progressista (PRP) ao Patriota; e do Partido Pátria Livre (PPL) ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Três deputados do PRP optaram por seguir para outras legendas: PSL, PL e PSD.
No ano passado, o TSE aprovou o pedido de incorporação do Partido Humanista da Solidariedade (PHS) ao Podemos (Pode). No entanto, seis deputados do PHS foram para outras legendas: três para o PL, dois para o PP e um para o DEM. Nas eleições de 2018, 30 partidos elegeram representantes para a Câmara dos Deputados. Este número caiu para 23, por conta da fusão recente e outras incorporações e trocas de legenda.
Desde o início da legislatura até o momento, 123 deputados trocaram de partido. O número é menor em comparação com a legislatura passada, quando 154 deputados mudaram de sigla no mesmo intervalo de tempo (entre 1º de fevereiro de 2015 e 1º de abril de 2018).