O Brasil caiu mais três posições no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Organização das Nações Unidas (ONU), que segue mostrando que as condições gerais de vida da população só pioraram sob o governo do presidente Jair Bolsonaro. De acordo com relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) referente a dados de 2021, divulgado nesta quinta-feira (8), antes na 84ª posição, o país é agora o 87º do mundo em desenvolvimento humano entre as 191 nações analisadas.
Em 2020, o IDH do Brasil era de 0,758 e caiu para 0,754 em 2021, um decréscimo de -0,004. Antes disso, o Brasil já havia perdido cinco posições no ranking mundial, já que ocupava a 79ª posição. O IDH brasileiro foi de 0,762, em 2018, para 0,765.
O índice leva em conta a expectativa de vida ao nascer, a escolaridade e a renda para dar dimensão ao bem-estar da população em cada país. No caso brasileiro, o retrocesso foi considerado elevado, de acordo com o Pnud. Pela metodologia do índice, quanto mais perto de 1 estiver um país, melhor o IDH. A nova posição retrocede o país ao patamar de 2014, quando o IDH era de 0,754. O recuo foi maior do que a média mundial, que caiu ao nível de 2016.
O relatório da ONU cita uma série de crises precedentes, com destaque para o impacto da pandemia de covid-19 em todo o mundo. No Brasil, a saúde também foi um fator a contribuir para a queda no IDH.
Recuo na expectativa de vida Com a gestão de Jair Bolsonaro (PL) durante a crise sanitária, a expectativa de vida média do brasileira ao nascer caiu de 75,3 anos, em 2019, para 72,8 anos em 2021. A queda levou o Brasil ao mesmo patamar de 13 anos atrás, em 2008, quando a esperança de vida média era de 72,7 anos. O país também guarda o posto de ser o segundo com maior número de mortes em decorrência do novo coronavírus em todo o mundo. Mais de 684 mil brasileiras vieram à óbito por conta da doença, atrás somente dos Estados Unidos, onde mais um milhão de pessoas morreram.
A diminuição da expectativa de vida no Brasil também foi maior do que a média global. Houve uma redução de 1,6 anos, para 71,4 anos, ante 2,5 anos de queda registrados entre os brasileiros.
O retrocesso é sobretudo maior quando o indicador é ajustado à desigualdade. O Brasil perde pelo menos 20 posições, de 0,754 para 0,576, uma queda de 23,6%. O relatório chama atenção para a desigualdade de renda, um problema histórico que se agravou.
Retrocessos sob Bolsonaro Além disso, a ONU também aponta a desigualdade de gênero no país, que diminui em 6,4 anos a expectativa de vida da mulher na comparação com a dos homens. Elas são têm renda média anual de US$ 7 mil a menos, de acordo com o relatório do Pnud. Essa é a primeira vez que o Brasil cai por dois anos seguido. Por 11 anos, até 2019, o país vinha subindo seu IDH ano a ano.
A posição no Brasil também chamou atenção do economista, pesquisador e professor Marcos Pochmann que responsabilizou o governo Bolsonaro pela queda de qualidade de vida no país.
“Mais um indicador que concede coerência a quem assumiu a presidência informando que o seu governo seria o da destruição. Para a ONU, o Brasil caiu 3 posições no ranking do Índice do Desenvolvimento Humano (IDH). Só nos 2 últimos anos, a regressão acumulou 8 posições”, tuitou Pochmann.
Comparação mundial O Brasil também fica atrás de 15 nações da América Latina e Caribe. Entre elas, Chile, que tem o maior IDH da região – com 0,855, na 42ª posição no ranking mundial – E Argentina em 47º (0,842). O país também fica atrás de Uruguai em 58º (0,809) e Peru (84º, com 0,762).
A reversão, segundo a ONU, foi quase que universal. Mais de 90% dos 191 países registraram declínio na pontuação do IDH em 2020 ou 2021. E mais de 40% caíram nos dois anos – como o Brasil. O relatório do Pnud avalia que a queda consecutiva “sinaliza que a crise ainda está se aprofundando em muitos deles”.
Os países da América Latina, Caribe, África Subsaariana e sul da Ásia foram os mais atingidos, mostra o documento. Os IDHs mais baixos foram registrados no Sudão do Sul (0,385), Chade (0,394) e Níger (0,400). Já Suíça (0,962), Noruega (0,961) e Islândia (0,959) permaneceram no topo da lista de Desenvolvimento Humano.