Em plena pandemia do coronavírus o governo do presidente Jair Bolsonaro completa mais de 100 dias sem ministro da Saúde, tendo a frente da pasta, de forma interina, um militar sem experiência na área. Enquanto isso, o Brasil se aproxima das 120 mil mortes por covid-19. Na quinta-feira (27/8), o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass) registrou 984 óbitos em um período de 24 horas, elevando para 118.649 vidas perdidas para o vírus. No mesmo período foram diagnosticados 44.235 novos casos de covid-19, totalizando 3.761.391 brasileiros infectados desde o início da pandemia.
Uma das preocupações dos pesquisadores brasileiros está relacionada às subnotificações de óbitos e de novos casos que não aparecem nos números oficiais que vem sendo apresentados diariamente no país. O fato do Brasil ser um dos países que menos aplica testes para o vírus no mundo (cerca de 6% da população), impede que sejam realizados estudos mais precisos sobre o comportamento da pandemia no seu território. Cabe lembrar que na quarta-feira (26/8), o Brasil completou seis meses desde que foi registrado o primeiro caso de covid-19 no país, no dia 26 de fevereiro. Durante este período, o governo já demitiu dois ministros médicos, Henrique Mandetta e Nelson Teich – por defenderem que o país deveria seguir medidas recomendadas pela ciência, como isolamento social, contrariando a posição do presidente Bolsonaro.
O ministro interino da Saúde Eduardo Pazuello, que não possui formação ou experiência em nenhum assunto relacionado à medicina, é o encarregado de coordenar as ações de combate à covid-19. No entanto, por determinação do próprio presidente, o objetivo do governo tem sido negar a pandemia de coronavírus e tentar salvar a economia. A omissão do governo diante da pandemia agravou ainda mais a crise econômica, atingindo principalmente a população mais pobre e vulnerável. A pandemia levou milhares de pequenas empresas a fecharam suas portas, aumentando o desemprego, realidade que já atinge milhões de trabalhadoras e trabalhadores em todo o país.
O descaso de Bolsonaro diante da necessidade de adotar medidas preventivas, como o distanciamento social, contribuiu para que o Brasil permanecesse por 11 semanas como epicentro da covid-19 no mundo. Ao não registrar redução do número de mortes e de contaminados, a crise econômica se prolonga e se estende ainda por mais tempo.
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