O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), na tarde desta quinta-feira (3/6), durante conversa com seus apoiadores, na porta do Palácio da Alvorada. Bolsonaro fez graves acusações a governadores que teriam desviado verbas destinadas ao combate à pandemia. “O que eu sei é que o MP (Ministério Público) pediu o destino do dinheiro, mas tem governador que não encaminhou ainda. Não vou falar que ele fez mau uso do dinheiro, pode ter enfiado em outro lugar, pode ser legal, mas o dinheiro era para a saúde”.
Contrariado com os rumos da CPI da Covid, que tem demonstrado a responsabilidade direta do presidente na crise sanitária e no aumento de mortes por coronavírus no país, Bolsonaro usa uma velha estratégia: o ataque é a melhor defesa. A declaração do presidente é uma forma de pressionar os senadores para que os governadores sejam chamados a depor na CPI da Covid. Esta não é a primeira vez que Leite serviu de alvo para os ataques do presidente. Em abril, Bolsonaro fez referência ao governador gaúcho: “onde ele enfiou essa grana? Eu não vou responder pra ele né… Mas eu acho que é feio onde ele botou essa grana toda aí”, disse o presidente.
O governador Eduardo Leite ingressou com uma ação contra o presidente Bolsonaro, por calúnia e difamação. O Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu a ação movida pelo governador gaúcho, na quarta-feira (2/6). O ministro do STF Gilmar Mendes deu prazo de 5 dias para que Jair Bolsonaro explique as falas contra o governador tucano.
“Não fosse isso, as ambiguidades e dubiedades dos termos utilizados podem, a depender da manifestação a ser prestada pelo Sr. Presidente da República, caracterizar, outrossim, o crime de difamação, por narrar fato relacionado à possível destinação do recurso, a justificar a necessidade de explicações, mormente diante da enorme repercussão nas mais diferentes mídias”, disse, no processo, Caetano Cuervo Lo Pumo, advogado do governador gaúcho.