Após ter sido internado na manhã desta quarta-feira (14/7) no Hospital das Forças Armadas, em Brasília, por conta de dores abdominais, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi transferido para o Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, onde chegou no início da noite, em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), no Aeroporto de Congonhas. O presidente enfrenta um quadro de obstrução intestinal e foi transferido de Brasília para São Paulo para que os médicos façam novos exames e avaliem a necessidade de uma cirurgia de emergência.
O cirurgião Antonio Luiz Macedo, que operou o presidente após ter sido atingido por uma facada durante o período eleitoral, em 2018, está acompanhando o caso. O médico, que trabalha no Hospital Vila Nova Star, fará a avaliação do quadro do presidente, após a transferência para São Paulo. De acordo com o filho mais velho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), o pai deverá ficar internado pelo menos por três dias.
Apesar da internação, Jair Bolsonaro utilizou as redes sociais para agradecer aos seus apoiadores pelas orações e também para atacar o PSOL e o PT, acusando-os pela facada que sofreu em 2018. "Mais um desafio, consequência da tentativa de assassinato promovida por antigo filiado ao PSOL, braço esquerdo do PT, para impedir a vitória de milhões de brasileiros que queriam mudanças para o Brasil. Um atentado cruel não só contra mim, mas contra a nossa democracia", escreveu Bolsonaro.
MISTÉRIOS
Ainda existem muitas dúvidas e mistérios sobre o real estado de saúde do presidente, que já sofreu inúmeras cirurgias após a facada.
06/09/2018 – Na véspera do Dia da Independência, o então candidato a presidente leva uma facada, desferida por Adélio Bispo de Oliveira, no abdômen. O golpe perfurou seus intestinos e rompeu a artéria mesentérica, provocando uma severa hemorragia. Naquele dia, uma cirurgia de emergência salvou sua vida.
08/09/2018 – 48 horas após o incidente, uma nova intervenção cirúrgica foi realizada para reconstruir o trânsito intestinal do atual presidente e para colocação de uma bolsa de colostomia.
12/09/2018 – Nova cirurgia é realizada no Hospital Albert Einstein para a remoção de aderências no intestino e correção de uma fístula de sutura, resultante das primeiras intervenções.
28/01/2019 – Bolsonaro é submetido a novo procedimento, que visa à retirada da bolsa de colostomia instalada logo após o atentado.
08/09/2019 – O presidente é submetido a uma cirurgia para correção de uma hérnia abdominal, que é o deslocamento de um tecido intestinal por uma fresta ou cavidade da musculatura do abdômen.
25/09/2020 – Um procedimento um pouco mais simples, mas ainda assim invasivo, é realizado para extrair cálculos da bexiga de Jair Bolsonaro.
DOCUMENTÁRIO "A FACADA DO MITO"
A facada sofrida por Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2018 gerou inúmeras polêmicas, em função da ausência de sangue e das análises que surgiram das imagens sobre o episódio. O documentário "A Facada do Mito", produzido a partir de reportagens e imagens captadas no momento do atentado, levanta diversas dúvidas sobre a facada desferida por Adélio Bispo em Bolsonaro.
O vídeo sugere que o atentado foi armado e que Adélio fazia parte de uma equipe que o protegeu logo após a ação. O vídeo foi construído a partir de imagens feitas no dia do crime e, por isso, questiona alguns fatos. Um deles é que os seguranças do então candidato proibiram um fotógrafo do jornal Tribuna de Juiz de Fora, que estava próximo a Bolsonaro de fazer imagens. Também há uma movimentação no mínimo intrigante de pessoas que estavam muito próximas do então candidato. O documentário foi exibido pelo canal “True or not” e mostra que Jair Bolsonaro vinha apresentando uma série de problemas em seu estômago meses antes, chegando inclusive a participar de eventos religiosos, onde foram feitas orações para “cura” de seu problema. No dia do atentado, a primeira agenda em Juiz de Fora foi a visita a um hospital de câncer, onde foi proibida a entrada da imprensa e até do presidente do PSL. "A Facada do Mito" também chama a atenção para um episódio, registrado dias antes em Juiz de Fora, onde um grupo de policiais se envolveu em um tiroteio relacionado a apreensão de R$ 15 milhões. Eles foram defendidos pelo mesmo escritório que defende Adélio Bispo.