BOLSONARISTAS PERDEM ESPAÇO NAS REDES SOCIAIS E INFLUENCIADORES POLÍTICOS SE DESLOCAM PARA ESQUERDA
- Alexandre Costa
- 3 de set. de 2020
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A Folha de São Paulo publicou levantamento em que compara o posicionamento de influenciadores nas redes sociais no período de maio de 2019 a agosto de 2020. De acordo com o levantamento, uma parte considerável de influenciadores políticos no Twitter em 2019, primeiro ano do governo Jair Bolsonaro, migrou para a esquerda. Das mil contas avaliadas no ano passado, 947 estavam ativas agora. Delas, 66% se deslocaram em direção à esquerda na análise deste ano. A explicação pode estar relacionada ao rompimento de Bolsonaro com o ex-juiz Sergio Moro.
De acordo com o professor do curso de gestão de políticas públicas da USP, Pablo Ortellado, uma das fontes da matéria da Folha, "a ruptura na direita entre bolsonaristas de um lado, lavajatistas e liberais anti-autoritários de outro, não foi apenas movimento das elites, mas também do público, que se segregou". Outro entrevistado, Pedro Bruzzi, sócio da consultoria Arquimedes, que analisa a discussão política nas redes sociais afirma que "houve grande mudança de roupagem do governo nos últimos 12 meses". Bruzzi atribui a mudança do posicionamento de Bolsonaro ao seu alinhamento com o centrão, grupo que até então era atacado pelo presidente. "Moro não ficou mais esquerdista, continua extremamente conservador, por exemplo. O governo é que radicalizou suas posições. Quem não concorda é expelido para longe".
A maior variação entre o perfil dos seguidores de 2019 com os novos de 2020 foi da conta do senador Fabiano Contarato (Rede-ES). Ex-delegado, ele foi duro com Moro, ainda ministro, em comissão no Congresso, no ano passado, e denunciou Bolsonaro na ONU - Organização das Nações Unidas. Seus seguidores em 2019 estavam entre os 25% mais à direita. Os novos seguidores estão na outra ponta, entre os 40% mais à esquerda. Outro exemplo é o da deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP). No ano passado, a média dos seus seguidores na escala ideológica era de 84 pontos. A escala vai de 0 (ponto mais à esquerda) a 100 (mais à direita). Depois de romper com Bolsonaro, a parlamentar foi para a posição 66 (próxima ao centro).