A Oxfam Brasil lançou nesta segunda-feira (27/7) o relatório informe “Quem Paga a Conta? – Taxar a Riqueza para Enfrentar a Crise da Covid-19 na América Latina e Caribe”. O relatório revela como bilionários desta parte do mundo ficaram imunes à crise econômica provocada pela pandemia do coronavírus numa das regiões mais desiguais do planeta. O informe, que se baseou em dados extraídos da lista dos mais ricos da revista Forbes, concluiu que durante o período entre os dias 18 de março e 12 de julho, dos 42 bilionários brasileiros saltou de U$ 123,1 bilhões para US$ 157,1 bilhões .
A fortuna dos 73 bilionários da América Latina também cresceu, com um aumento do montante em U$ 48,2 bilhões no mesmo período. Por outro lado, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o número de desempregados aumentou substancialmente, atingindo cerca de 41 milhões de pessoas na América Latina. Já o Banco Mundial divulgou uma estimava de que 50 milhões de latino-americanos ficarão abaixo da linha da pobreza neste ano.
DESEMPREGO
No Brasil, os efeitos da pandemia também têm afetado principalmente a população em situação de pobreza. Antes da chegada da Covid-19, o país tinha 12 milhões de desempregados e cerca de 40 milhões de trabalhadores informais, quase todos sem proteção social alguma. Com a pandemia, o desemprego no país pode dobrar (segundo a FGV) ou até quadruplicar (análise da XP Investimentos) até o final do ano. Mais de 600 mil micros, pequenas e médias empresas brasileiras já fecharam as portas.
“Os dados são assustadores. Ver um pequeno grupo de milionários lucrarem como nunca numa das regiões mais desiguais do mundo é um tapa na cara da sociedade que, tanto no Brasil como nos demais países latino-americanos e caribenhos, está lutando com todas suas forças para manter a cabeça para fora d’água”, afirma Katia Maia, “Está mais do que na hora da elite brasileira contribuir renunciando a privilégios e pagando mais e melhores impostos”.
De acordo com as estimativas da Oxfam, a perda de receita tributária para 2020 pode chegar a 2% do Produto Interno Bruto (PIB) da América Latina e do Caribe, o que representa US$ 113 milhões a menos e equivale a 59% do investimento público em saúde em toda a região. O colapso da receita tributária torna necessária medidas urgentes, distantes das ações tradicionais, afirma o relatório. O documento apresenta dados, análises e propostas estruturadas para evitar o desmantelamento dos serviços púbicos da América Latina e Caribe. “A Covid-19 não é igual para todos. Enquanto a maioria da população se arrisca a ser contaminada para não perder emprego ou para comprar o alimento da sua família no dia seguinte, os bilionários não têm com o que se preocupar”, afirma a diretora executiva da Oxfam, Katia Maia.
A Oxfam Brasil faz parte de uma rede global, que tem 20 membros que atuam em cerca de 90 países, com atuação em campanhas, programas e ajuda humanitária. Criada em 2014, a Oxfam trabalha pela construção de um Brasil mais justo, sustentável e solidário, eliminando as causas da pobreza, as injustiças sociais e as desigualdades.
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