A posse dos vereadores de Porto Alegre, na sexta-feira (1/1/2021), indica que os próximos quatro anos na Câmara Municipal serão de embates fervorosos entre a base de sustentação do prefeito Sebastião Melo (MDB) e os integrantes do bloco de oposição. Ao que tudo indica, os vereadores alinhados ao governo recém eleito optaram por uma espécie de "vale tudo" no Legislativo Municipal. Além de atropelar a democracia, a disputa pela presidência da Casa foi uma demonstração de desrespeitando ao próprio Regimento Interno da Câmara.

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O vereador Pedro Ruas (PSOL), líder da oposição protestou , denunciou a manobra antidemocrática e a postura adotada pelos representantes do atual governo. "As forças que elegeram Melo são ultraconservadoras e resolveram isolar os partidos de esquerda das funções de gestão no Legislativo, o que é um desrespeito com a população”. O líder da oposição lembra que seu partido, o PSOL, foi o mais votado para a Câmara e não poderá presidir nem um ano o Legislativo municipal. Ruas repudiou veementemente o “acordão da direita” que resolveu desconsiderar a vontade da população que elegeu uma bancada dos jovens negros que, por integrarem partidos de esquerda, ficarão num isolamento absurdo.

foto: Ederson Nunes
Pedro Ruas admite recorrer ao Judiciário para fazer valer a proporcionalidade na Câmara e alerta que com "com essa manobra, o governo Melo já começa muito mal seu mandato". O vereador do PSOL criticou o desrespeito à proporcionalidade étnica, negra, no processo de escolha da Mesa Diretora. "Os negros foram escolhidos pelos porto-alegrenses nas urnas, entre esses a mais votada, a jovem Karen Santos, que fez mais de 15 mil votos, e foram alijados das decisões", disse Pedro Ruas. Ele questionou o critério da proporcionalidade partidária e ressaltou que a oposição elegeu 27% dos vereadores.
BASE DO GOVERNO X OPOSIÇÃO
O PCdoB, PSOL e PT formam o bloco de oposição e contam com dez vereadores (4 PSOL, onde estão os dois mais votados Karen Santos e Pedro Ruas; 4 do PT e 2do PCdoB). O governo Sebastião Melo conta com 26 votos, o que pode ser suficiente para aprovar inclusive matérias com alteração da Lei Orgânica do Município. O "acordão" denunciado pelo bloco de oposição decidiu que a Câmara será presidida em 2021 pelo vereador Márcio Bins Ely (PDT), tendo como 1º vice-presidente Idenir Cechim, 2ª vice-presidente Comandante Nádia (DEM), 1º secretário Hamilton Sossmeier (PTB), 2ª secretária Mônica Leal (PP) e 3º secretário Cláudio Janta (SD).
DESABAFO
No vídeo acima, a vereadora do PT, Laura Sito, denunciou a manobra da base do governo do prefeito Sebastião Melo para excluir a oposição da Mesa Diretora da Câmara Municipal. nas redes sociais, ela desabafou: "Minha primeira intervenção no plenário! Após a base governista desrespeitar a proporcionalidade e deixar a oposição fora da mesa diretora, ainda tivemos que ver um vereador branco querendo insinuar que a bancada negra era Racista. Ignorância tem limite, NÃO PASSARÃO!"