De acordo com o Atlas da Violência 2020, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a realidade do Brasil nos últimos dez anos evidenciam o racismo, a cultura do estupro e do ódio à juventude, essencialmente pobres e moradores da periferia. Entre 2008 e 2018, os homicídios caíram 12,9% entre os não negros. Mas, entre negros – a soma de pretos e pardos, segundo classificação do IBGE, houve um aumento de 11,5% no total de homicídios no mesmo período. Nesse período, para cada não negro (soma de brancos, amarelos e indígenas) assassinado, o Atlas aponta que 2,7 pessoas negras foram mortas.
Por outro lado, foram registrados 57.956 homicídios no Brasil em 2018, o menor índice desde 2015. Porém, os especialistas identificaram crescimento de 25,6% de homicídios sem causa definida, o que pode explicar a redução de homicídios. Ou seja: em 2018 foram registrada 12.310 mortes sem que a justiça consiga definir a causa. Estes números ficam atrás somente das mortes sem causa definida registradas em 2009, com 13.253 mortes. Em 2018, uma mulher foi assassinada a cada duas horas no país, num total de 4.519 vítimas, 68% delas mulheres negras. Além disso, 30,4% dos assassinatos foram classificados como feminicídios (assassinatos de mulheres pelo fato de serem mulheres) e a maioria ocorreu dentro de casa.
Do número total de homicídios em 2018, 53,3% da vítimas foram pessoas entre 15 e 29 anos e 75,7% das vítimas eram negras. Apesar do alto número de jovens assassinados, o estudo mostra que sem o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a situação seria muito pior. Antes do ECA o crescimento anual de assassinatos de jovens era de 7,8% e depois da legislação ser adotada em 1990, o índice passou a ser de 3,1%, menos da metade. O Brasil é um dos países mais violentos em relação aos LGBTs. Em 2018 foram registradas 1.685 denúncias de violência contra a população LGBT no país.
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