Apesar do esforço dos profissionais da saúde em todo o Brasil, os números denunciam as fragilidades e a falta de estrutura para atender a população durante a pandemia de coronavírus, responsável pela morte de mais de 420 mil pessoas em todo país. O colapso do sistema de saúde revela que a falta de estruturas e de investimentos podem ter colaborado com elevado número de brasileiros que perderam a vida em função da covid-19. De acordo com dados publicados pelo jornal Estado de São Paulo, durante a pandemia mais de 22 mil pessoas internadas em UPAs morreram em decorrência de complicações causadas pelo vírus. Cabe ressaltar que as UPAs não têm estruturas adequadas para casos graves e para manter pacientes nestas condições por mais de 24 horas. Os pacientes que permaneceram nas UPAs foram vítimas do colapso do sistema de saúde que sobrecarregou o sistema de saúde de diversos estados, com a falta de leitos em hospitais, de equipamentos, de profissionais e de medicamentos.
Foto: Reprodução vídeo Ocimar Pereira/Imprensa GHC
O colapso do sistema de saúde do Brasil impediu o cumprimento de uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), de 2014, contra as internações em UPAs por mais de 24h. As Unidades de Pronto Atendimento não dispõem de estrutura suficiente para atender os pacientes graves e nem possuem equipes médicas especializadas, não dispondo de quantidades suficientes de insumos, como oxigênio. Para que os leitores tenham a dimensão e o significado do colapso do sistema de saúde durante os picos mais elevados da pandemia no país, o tempo médio de internação foi de 11,6 dias durante a pandemia. Esta informação demonstram o nível de precarização da saúde. O grande número de mortes durante a pandemia também está relacionado ou é uma consequência direta dos cortes de recursos para o SUS, por conta da determinação de um teto de gastos que prejudicaram ainda mais a qualidade do atendimento de saúde no país.
A pandemia tornou o sistema de saúde do país ainda mais vulnerável e certamente contribui para a amarga e triste realidade que resultou na morte de mais de 420 mil pessoas. Não são apenas vítimas da pandemia, mas também da falta de investimentos em saúde.