Em função dos inúmeros ataques sofridos nos últimos dias, a presidente da Associação de Mães e Pais pela Democracia (AMPD), Aline Kerber, registrou, na tarde desta terça-feira (2/3), um boletim de ocorrência contra 30 pessoas na Delegacia da Intolerância, em Porto Alegre. Acompanhado do marido e advogado, Eduardo Pazinato, Aline entregou as provas contidas em mais de 250 perfis e grupos do facebook. Entre os agressores denunciados estão três jornalistas dirigentes de uma escola privada do município de Farroupilha e uma vereadora da Capital.
Ao formalizar a denúncia, a presidente AMPD entregou à delegada um dossiê com 324 páginas com "prints" dos ataques e ameaças publicadas em centenas de perfis, por conta do pedido de suspensão das aulas no Rio Grande do Sul, em virtude da bandeira preta e da decisão da Justiça no último final de semana. "Atacaram minha honra, a minha condição de mulher e mãe, ativista e da minha família, com ódio e linchamentos, expondo inclusive a imagem do meu filho menor, da nossa dinâmica familiar e das pessoas que trabalham comigo, violando os mais básicos direitos e garantias fundamentais previstos desde há muito na Constituição Federal Brasileira e das normas do estado democrático de direito", argumentou.
Aline Kerber explicou que os ataques de ódio e linchamento moral se deram nas redes sociais, organizados por uma escola e foram estimulados por jornalistas das rádios Pampa e Guaíba, espalhando fake news sobre a suspensão das aulas e sobre idoneidade da entidade. “Meu número de telefone foi divulgado e recebi uma avalanche de telefonemas com ameaças e xingamentos de todo tipo. A gente se sente ameaçada e invadida”, relatou.
A presidenta da AMPD afirmou ainda que a ação pela suspensão das aulas na bandeira preta foi motivada pelo caos instaurado e pela falta de políticas de controle efetivo da pandemia no estado. "Estamos preocupados com a situação de inúmeras crianças que só têm a escola para lhe proteger e com os filhos de profissionais da linha de frente desta pandemia, atribuição indelegável dos governantes".
DECISÃO DA JUSTIÇA
No domingo (28/2), a juíza Rada Maria Metzger Kepes Zaman, da 1ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre, determinou a suspensão das aulas presenciais dos setores público e privado em todo o estado ao deferir o pedido de antecipação de tutela em ação civil pública ajuizada pela Associação Mães e Pais pela Democracia (AMPD) e Cpers/Sindicato. A decisão suspendeu as atividades presenciais em todas as escolas e instituições de ensino, ao menos enquanto estiver vigente a bandeira preta, classificação de maior risco de acordo com o Sistema de Distanciamento Controlado do governo do estado (independentemente de eventual flexibilização de protocolos). Na segunda-feira (1/3), o Governo do Estado recorreu da decisão.