
João Carlos Bona Garcia é mais uma vítima da covid-19. Militante histórico e um importante quadro político durante a resistência à ditadura militar, Bona, como era carinhosamente chamado pelos companheiros, morreu nesta sexta-feira (12/3), aos 74 anos. Sua trajetória foi marcada pela luta em defesa da democracia no Brasil. Aos 17 anos ingressou na Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e participou da luta armada.

Bona Garcia foi preso, torturado, trocado pelo embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher, que havia sido sequestrado. Foi banido e exilado, retornando ao Brasil no final do ano de 1979, após a promulgação da Lei da Anistia. Sempre defendeu a abertura dos arquivos da ditadura militar para que todos pudessem ter acesso ao fatos que marcaram os anos de chumbo (1964-1985).

Sua trajetória de luta e de vida se transformou no livro Verás que Um Filho teu Não Foge a Luta. A história de Bona Garcia e da sua esposa Célia foi contada no filme Em Teu Nome, lançado em 2014, dirigido pelo cineasta Paulo Nascimento e premiado com quatro kikitos no festival de cinema de Gramado.
Bona Garcia deixa a esposa Célia, os filhos Rodrigo, Luciano e Diego e os netos Lucca, Arthur, João Paulo, Cecília e Pedro.
Em virtude da pandemia a cerimônia será restrita a familiares.
João Carlos Bona Garcia nasceu em Passo Fundo. Ingressou no movimento estudantil na adolescência e participou de uma dissidência do Partido Comunista. Em 1969, se transferiu para Porto Alegre onde passou a atuar na Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Bona foi preso no início de 1970 e foi libertado em 1971, em troca do embaixador suíço no Brasil, sequestrado pela VPR. Viveu no Chile até a queda de Salvador Allende, em 1973. Depois disso, passou pela Argentina, Argélia e França, onde viveu até a anistia, em 1979. Formou-se em Economia na Sorbonne e em Direito, na Ritter dos Reis. Foi professor, assessor da Assembleia Legislativa. Filiado ao PMDB, candidatou-se a prefeito em Passo Fundo e a deputado estadual. No governo de Pedro Simon (PMDB), foi subchefe da Casa Civil. Na gestão de Antônio Britto, Bona assumiu o cargo de presidente da Fundação de Desenvolvimento de Recursos Humanos, diretor do Banrisul e chefe da Casa Civil. Em 1998, Britto o nomeou para ser juiz do Tribunal de Justiça Militar.