A notícia de que pesquisadores de Hong Kong documentaram um caso de reinfecção por covid-19 coloca a comunidade científica do mundo em alerta. A descoberta indica que a doença, que já matou mais de 800 mil pessoas em todo o mundo, pode continuar a se disseminar pela população global apesar da chamada imunidade de rebanho, suspeitam. O doutor Kai-Wang To, um dos principais autores do estudo afirmou à Reuters, nesta segunda-feira (24/8), que "a descoberta não significa que tomar vacinas será inútil".
De acordo com o pesquisador chinês, a imunidade induzida pela vacinação pode ser diferente daquelas induzidas pela infecção natural o que, segundo ele, pode levar à espera pelos resultados dos testes de vacinas para ver se realmente são eficientes. Casos de pessoas que tiveram alta e voltaram a ter exames positivos de infecção de Covid-19 já foram relatados na China continental e em outros países, mas nunca havia ficado claro se elas foram infectadas novamente depois de uma recuperação plena —como ocorreu com o paciente de Hong Kong— ou se ainda tinham o vírus da infecção inicial no organismo.
Maria Van Kerkhove, epidemiologista da Organização Mundial da Saúde (OMS), disse nesta segunda-feira para a Reuters que não se deve tirar conclusões precipitadas em reação ao caso de Hong Kong. Especialista em doenças infecciosas do grupo chinês que estuda o tratamento contra Covid-19, Van Kerkhove ressaltou durante coletiva realizada em maio que o número preliminar de pacientes da China que voltaram a ser diagnosticados depois de saírem do hospital é de 5% a 15%.
Um cidadão de Hong Kong que se recuperou da Covid-19 voltou a ser infectado quatro meses e meio mais tarde, no primeiro caso documentado de reinfecção humana, anunciaram pesquisadores da Universidade de Hong Kong nesta segunda-feira. O homem de 33 anos ficou curado da Covid-19 e teve alta de um hospital em abril, mas foi diagnosticado novamente depois de voltar da Espanha via Reino Unido no dia 15 de agosto. O paciente parecia estar saudável antes, disseram os pesquisadores no estudo, que foi aceito pelo periódico médico internacional Clinical Infectious Diseases. Descobriu-se que ele contraiu uma linhagem de coronavírus diferente daquela que havia contraído da primeira vez e que continuou assintomático com a segunda infecção.