
A mais recente capa da tradicional revista Time (@time) traz uma imagem repleta de simbolismos e que traduz o atual cenário mundial. Analogous Colors é a mais nova obra do artista Titus Kaphar. A imagem de uma mãe afro-americana segurando seu filho está relacionada aos inúmeros casos de racismo nos EUA e em diversos lugares do planeta. Na sua obra, Kaphar retirou o filho da tela, ressaltando a "falta" e o "vazio" produzido na imagem. Imobilizado no chão por um policial e sem respirar, George Floyd chegou a chamar pela sua falecida mãe, antes de ter seu pescoço comprimido pelo joelho do policial Derek Chauvin, durante 8 minutos e 46 segundos, no dia 25 de maio, em Minneapolis, nos EUA.
"Na expressão dela, vejo as mães negras que não são vistas e ficam desamparadas nessa fúria contra seus bebês", escreve Kaphar. Pela primeira vez, a borda vermelha do TIME inclui os nomes das pessoas: 35 homens e mulheres negros cujas mortes, em muitos casos pela polícia, foram o resultado de racismo sistêmico e ajudaram a alimentar a ascensão do movimento Black Lives Matter. Seus nomes são apenas uma fração dos muitos que perderam a vida por causa da violência racista que faz parte desta nação desde o início. Seus nomes são Trayvon Martin, Yvette Smith, Eric Garner, Michael Brown, Laquan McDonald, Tanisha Anderson, Akai Gurley, Tamir Rice, Jerame Reid, Natasha McKenna, Eric Harris, Walter Harris, Scott Scott, Freddie Gray, William Chapman, Sandra Bland e Darrius Stewart. Samuel DuBose Janet Wilson Calin Roquemore Alton Sterling Philando Castile Joseph Mann Terence Crutcher Chad Robertson Jordan Edwards Aaron Bailey Stephon Clark Danny Ray Thomas Antwon Rose Botham Jean Atatiana Jefferson Michael Dean Ahmaud Arbery, Breonna Taylor e George Floyd.
IMAGEM FAZ LEMBRAR DO MENINO MIGUEL

A obra de Titus Kaphar produz um efeito capaz de escancarar o "vazio" relacionado às mortes geradas pelo racismo e sistematicamente ocultadas pela sociedade "branca". No Brasil, a imagem de Kaphar serve para ilustrar a morte de Miguel, menino negro de 5 anos, que caiu do 9º andar de um prédio, após a patroa da mãe deixá-lo sozinho no elevador. O menino era filho da empregada doméstica e estava acompanhando a mãe no trabalho em função da pandemia de coronavírus. Miguel morreu porque a patroa da mãe estava fazendo as unhas e resolveu deixá-lo descer sozinho no elevador. O menino de 5 anos estava no 5º andar (apartamento que a mãe trabalha) e desceu para procurar a mãe. Mas o elevador ao invés de descer acabou subindo para o 9º andar, por coincidência um andar sem proteção. Miguel caiu de uma altura de 35 metros.
