O artigo abaixo foi escrito por Luís Alberto Silva, advogado; e Eliezer Pacheco, professor.

Nas últimas semanas, em virtude da violência policial, norte-americanos saíram às ruas para protestar contra o racismo. No Brasil não foi diferente e, essa mesma motivação, contou com outro elemento: O protesto contra o fascismo.
A população que saiu às ruas no Brasil, puxada, principalmente, pelas torcidas organizadas e pela necessidade de se expressar contra os desmandos do Estado brasileiro, são trabalhadores empregados ou desempregados, jovens, negros, mulheres, LGBTQI’s e tantos outros atores sociais, pertencentes a organizações do movimento social ou não, trazendo dentro de si a indignação gerada pela exploração e opressão. Pela primeira vez, nas últimas manifestações, a classe média urbana não é a protagonista principal. Elas revelam o verdadeiro tecido social da classe trabalhadora antifascista e antirracista, despertam a “consciência de luta”, elemento necessário para conduzir a uma compreensão mais apurada sobre as origens da opressão, a sociedade, capitalista. Cada luta específica, possibilita compreender que se faz necessário impulsionar ações coletivas para soluções que devem ir além da identidade dos grupos oprimidos.
As lutas específicas – grupos étnicos, gênero, orientação sexual...- só terão sentido dentro de uma perspectiva revolucionária, se apontarem para um caminho que leve ao campo da luta de classes e da “consciência de classe”. Do contrário, a consciência de luta será absorvida pelos setores liberais ou sociais-democratas, da esquerda ou da direita, acomodando determinados segmentos com políticas compensatórias ,sem operar mudanças estruturais. Não se pode esperar que o capitalismo seja capaz de abolir a opressão e a exploração que fazem parte da sua própria essência. As lutas específicas, chamadas por alguns de identitárias, adquirem sentido e potência como parte de um Projeto Nacional Democrático e Popular, que aponte para uma nova sociedade de democracia real, distinta da Democracia Liberal-Burguesa e que estabeleça igualdade econômica e social não apenas para segmentos específicos , mas para a sociedade como um todo. As últimas manifestações, em todo o mundo, trazem a cena política outros atores e uma nova hegemonia em construção.