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50 ANOS DO GOLPE NO CHILE NA CASA DE DIÓGENES DE OLIVEIRA


O dia 11 de setembro de 1973 entrou para a história como a data da derrubada do governo Socialista do Chile, em um golpe de Estado que resultou no assassinato do então presidente Salvador Allende, dando início à terrível ditadura do general Augusto Pinochet.


Após rejeitar de forma veemente a proposta dos golpistas de que se retirar do pais, com sua família, Allende ficou no Palácio de La Moneda, em meio ao intenso bombardeio, até que, diante da invasão inevitável, pediu à filha, à secretaria e aos assessores que se retirassem. Minutos depois, ouviu-se o grito Allende não se rende!. O médico que acompanhava o presidente voltou ao gabinete e viu os últimos espasmos do seu corpo. Allende cumpriu o que disse na despedida no rádio: “Viva Chile!. Viva o Povo! Estas são minhas últimas palavras e tenho a certeza de que meu sacrifício não será em vão. Tenho a certeza que, pelo menos, será uma lição moral que castigará a deslealdade, a covardia e a traição”.

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Naquele dia, o brasileiro Diógenes de Oliveira conseguiu entrar na embaixada do México, em Santiago, escapando de ser levado para o Estádio Nacional. Economista e militante de esquerda, Diógenes morreu no ano passado, no dia 28 de outubro, aos 79 anos, em consequência dos muitos anos de prisão, tortura e exílio devido à luta contra a ditadura civil/militar instalada no Brasil em 1964.


DIA 11 EM PORTO ALEGRE Na próxima segunda-feira, dia 11 de setembro, ocorrerá uma rememoração do golpe no Chile na casa onde Diógenes morou durante quase 40 anos, em Porto Alegre. O evento também marca a inauguração do local como um espaço de memória. Será exibido um vídeo inédito do ex-guerrilheiro contando a fuga do Chile, além da presença do filho Guilherme Oliveira e apresentação do músico Ciro Ferreira.


HISTÓRIA Contar a história de Diógenes é também contar muito do processo de resistência desse período. Ele veio de Cerrito, um distrito do município de Júlio de Castilhos, para Porto Alegre, aos 17 anos, quando conheceu a poetisa comunista Lila Ripoll. Foi por intermédio dela que ele entrou no Partido Comunista Brasileiro (PCB). Em 1961, participou ativamente da Luta pela Legalidade, movimento liderado por Leonel Brizola para garantir a posse de João Goulart como presidente da República após a renúncia de Jânio Quadros.

Bancário e eletricitário, Diógenes era ativo nas lutas destas categorias quando ocorreu o golpe que destituiu Goulart, em 1964. Participou da resistência e, por isso, foi perseguido, decidindo ir para Montevidéu, onde atuou em organização ligada a Brizola, de combate à ditadura. Em 1966, foi para Cuba fazer treinamento de guerrilhas, onde conheceu Ernesto Che Guevara e participou de reuniões para a criação da Organização Latino-Americana de Solidariedade (Olas).

De volta ao Brasil, em São Paulo, junto com outros militantes, fundou a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Foi preso em 1969 e torturado para informar onde estava o capitão Carlos Lamarca, seu companheiro. Jamais disse nada. Aliás, este é um de seus traços de personalidade ao longo da vida: nunca entregar ninguém. Por meses permaneceu no Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e sua cela hoje faz parte do Memorial da Resistência. Depois disso, foi para o Presídio Tiradentes, onde também estavam detidos Frei Betto, Frei Fernando e Frei Tito, acusados de ligações com líder comunista Carlos Marighella.


Deste local foi encaminhado para o Carandiru, onde permaneceu na solitária por seis meses. Deixou a prisão em 1970 e começou um longo tempo em exílio. Viveu no México, Cuba, Coréia do Norte, Chile, Bélgica e Portugal, onde acompanhou pessoalmente a chamada Revolução dos Cravos, em 1974. Seu último refúgio como expatriado foi Guiné-Bissau, uma ex-colônia portuguesa na África, e fez parte do governo após a libertação daquele país.

Ao retornar para o Brasil, fez parte da construção do Partido dos Trabalhadores (PT). Foi secretário dos Transportes do primeiro governo do partido em Porto Alegre, quando Olívio Dutra foi prefeito. Em 2001 foi acusado de diversos delitos, como presidente do Clube de Seguros da Cidadania. Entre as acusações, a de ter ligações com o crime organizado, especialmente o jogo do bicho. As alegações nunca foram comprovadas e Diógenes foi absolvido de todas as acusações, após cinco anos de um linchamento moral em manchetes de jornal.

As marcas desse processo, no entanto, o acompanharam até o dia de sua morte. Diógenes sempre esteve convencido de que ele foi utilizado para atingir o então governador Olívio Dutra. O objetivo das acusações nunca comprovadas era destituir Olívio do cargo. 50 anos do golpe no Chile na casa de Diógenes de Oliveira

Quando: 11/09/23

Hora: 19hs

Local: Rua Lopo Gonçalves, 495


com informações: https://www.extraclasse.org.br/politica/2022/10/morre-diogenes-de-oliveira-o-homem-que-nao-delatou-lamarca/

 
 
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