O presidente Jair Bolsonaro parece ter sentido o golpe causado pela publicação da reportagem da Folha de São Paulo, que denunciou o escândalo envolvendo o Secretário de Comunicação de seu governo, Fábio Wajngarten, que, segundo o jornal, recebe dinheiro das empresas para as quais direciona publicidade, num caso flagrante de conflito de interesse. Ao invés de dar explicações sobre a denúncia publicada pela Folha, Bolsonaro mostrou descontrole e resolveu atacar de forma ofensiva um jornalista da empresa, nesta terça-feira (16/1).
Após questionar se o presidente sabia dos contratos do secretário de Comunicação Fábio Wajngarten, que tem 95% em uma sociedade com a FW Comunicação e Marketing e recebe dinheiro de emissoras de TV e de agências de publicidade contratadas pela própria secretaria, ministérios e estatais do governo, Bolsonaro disparou: “Você está falando da sua mãe? Você está falando da sua mãe?”. A reportagem respondeu: "Não, estou falando do secretário de Comunicação, do Fabio Wajngarten", respondeu a Folha.
Mais cedo, Bolsonaro havia ofendido outra jornalista, Thaís Oyama, autora do livro Tormenta, que traz bastidores do primeiro ano do seu governo. Sua declaração ofendeu também toda a comunidade japonesa que vive no Brasil. Em discurso no Palácio do Planalto, tomado pela tensão provocada pelo escândalo da Secom, Jair Bolsonaro mandou a imprensa “tomar vergonha na cara” e emendou: "a nossa imprensa tem medo da verdade. Deturpam o tempo todo. Mentem descaradamente. Trabalham contra a democracia, como o livro dessa japonesa, que eu não sei o que faz no Brasil.”
Bolsonaro ainda disse: “Essa imprensa que está me olhando, não tomarei nenhuma medida para censurá-los, mas tomem vergonha na cara. Deixem nosso governo em paz, para levar harmonia ao nosso povo.”
PROCURADORIA INVESTIGA COMPRA DE VOTOS POR
BOLSONARO NA APROVAÇÃO DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA
O Ministério Público Federal vai investigar Jair Bolsonaro, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, por ‘interferências indevidas’ na votação da reforma da Previdência. Quem assina a portaria é o procurador da República em Brasília Carlos Bruno Ferreira da Silva.
A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo destaca que "a decisão de instaurar o inquérito civil atende a representação dos deputados federais do PSOL David Miranda, Edmilson Rodrigues, Fernanda Melchionna, Áurea Carolina e Glauber Braga. Os parlamentares têm acusado Bolsonaro de ‘comprar votos de deputados’ por meio da liberação de emendas. “Desse valor, R$444.513.894 não têm autorização legislativa, o que é irregular e pode ser enquadrado em crime de responsabilidade”, afirma o partido, em seu site."