O site Sputinik publicou matéria neste sábado, 4/1/2020, sobre a situação entre EUA e Irã. A manchete do Sputinik é: "A guerra já começou, diz embaixador iraniano na ONU". A matéria afirma que o embaixador iraniano na ONU, Majid Takht Ravanchi, comentou a tensão que se instaurou entre o Irã e os EUA após o assassinato do general Qasem Soleimani.
Ao falar sobre as declarações do secretário de Estado, Mike Pompeo, sobre o suposto ataque iminente planejado por Soleimani contra os norte-americanos, em entrevista ao canal CNN, o diplomata considerou as alegações infundadas.
"Definitivamente rechaçada [a acusação]. Se eles têm alguma evidência, devem mostrá-la. Eles devem fornecer a evidência", disse Ravanchi. Já o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, disse aos "criminosos" que assassinaram o major-general Qassem Soleimani que uma dura vingança os espera. De acordo com ele, a perda de Soleimani é amarga, mas a luta continuará até a vitória para que a vida dos criminosos seja ainda mais amarga.
O embaixador Majid Takht Ravanchi, também comentou as declarações do presidente dos EUA, Donald Trump, que disse que os EUA não buscam mudar o sistema político do Irã. "O que importa são as ações de Washington, não suas palavras. Mas o que elas estão realmente fazendo é pressionar bastante o povo iraniano", disse. Ao ser questionado sobre as ações de resposta prometidas pelo governo iraniano após a morte de Soleimani,o embaixador afirmou que os EUA já "começaram uma guerra".
"EUA já começaram uma guerra, não apenas em termos econômicos, mas em algo a mais matando um de nossos generais mais importantes, cuja perda é lamentada não apenas pelos iranianos, mas também por outros povos da região. Portanto, não podemos simplesmente fechar os olhos para o que aconteceu ontem à noite: definitivamente haverá uma vingança dura", disse Ravanchi.
AS AMEAÇAS DE TRUMP
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez uma sequência de tuítes na noite deste sábado (4) afirmando que já escolheu 52 lugares que pretende atacar no Irã caso o país árabe responda ao ataque feito contra o general Qassem Soleimani, comandante da Força Al Quds, unidade especial da Guarda Revolucionária do Irã. “O Irã está falando com muita audácia sobre ter como alvo certos ativos dos EUA como vingança por livrarmos o mundo de seu líder terrorista que tinha acabado de matar um americano e ferir gravemente muitos outros, sem mencionar todas as pessoas que ele matou ao longo de sua vida, incluindo recentemente centenas de manifestantes iranianos”, declarou o presidente.
Trump ainda declarou que o Irã “não tem sido nada além de problemas” nos últimos anos e ameaçou dar uma resposta enérgica. “Isso deve servir como um aviso de que, se o Irã atingir americanos ou ativos americanos, temos 52 locais como alvo, alguns em um nível muito alto e importante para o Irã e a cultura iraniana”, tuitou.
“Esses alvos, e o próprio Irã, serão atingidos MUITO RAPIDAMENTE E MUITO DURAMENTE. Os EUA não querem mais ameaças!”, completou.
A VINGANÇA IRANIANA
O Irã vai se vingar dos EUA pela morte do comandante da unidade Força Quds, do Corpo de Guardiões da Revolução islâmica, disse Mohsen Rezaei, ex-chefe deste corpo de elite e atual secretário do Conselho de Conveniência, órgão assessor ao líder supremo do Irã. "O mártir tenente-general Qassem Soleimani se juntou aos seus irmãos mártires, mas nós nos vingaremos com veemência dos EUA", escreveu ele no Twitter.
O Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã convocou uma reunião extraordinária após a morte do general Soleimani. "Nas próximas horas será realizada uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança Nacional onde será analisado o criminoso ataque contra Soleimani em Bagdá que levou à sua morte", declarou o porta-voz desta entidade, Keivan Khosravi, informa Iran Front Page. Por sua vez, o chanceler iraniano, Mohamad Zarif, disse que o ataque que vitimou o tenente-general Soleimani é um "ato de terrorismo internacional" e que os EUA serão responsabilizados pelas respetivas consequências.
"O ato de terrorismo internacional dos EUA, que atacaram e assassinaram o general Soleimani – a força mais eficaz na luta contra o Daesh, Al Nusra, Al Qaeda [organizações terroristas proibidas na Rússia], etc. – é extremamente perigoso e constitui uma estúpida escalada [de tensões]. Os EUA são os responsáveis por todas as consequências do seu aventureirismo desonesto".
Em um comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores, o chanceler ressaltou também que a "imprudência das forças terroristas dos EUA que assassinaram o comandante Soleimani [...] reforçará sem sombra de dúvida a árvore de resistência na região e no mundo".
Para além disso, o Ministério das Relações Exteriores iraniano convocou o embaixador suíço, Markus Leitner, que representa em Teerã os interesses dos EUA, manifestando-lhe o seu protesto pela morte de Soleimani. O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, prometeu se vingar dos EUA pela morte de Soleimani e declarou três dias de luto nacional, informa Associated Press.
Soleimani foi morto em bombardeio no Aeroporto Internacional de Bagdá, no Iraque, junto com o vice-chefe da Forças de Mobilização Popular Shia do Iraque, Abu Mahdi al-Muhandis, e outras vítimas. De acordo com Washington, Soleimani havia autorizado ataques contra a embaixada dos Estados Unidos no Iraque, que foi recentemente invadida por manifestantes, e também um ataque contra a base de Kirkuk, que matou um soldado terceirizado dos Estados Unidos e deixou estadunidenses e iraquianos feridos.
SÁBADO DE ATAQUES
Neste sábado foram registrados ataques aéreos em território iraquiano que lançaram bombas próximas à Embaixada dos EUA em Bagdá e próximas a uma base militar que abriga tropas estadunidenses. Não houve registro de mortos e a autoria do ataque ainda não foi reivindicada. Em seguida, uma base militar de forças pró-Irã na fronteira da Síria com o Iraque também foi atacada.