Um grupo de 14 personalidades brasileiras assinou um manifesto histórico para denunciar ao mundo o ataque à democracia e ao estado de direito. O documento, assinado por Chico Buarque, Raduan Nassar, Dalmo Dallari, Sebastião Salgado, Bresser-Pereira e Marilena Chauí, entre outros, chama a atenção da sociedade brasileira e da comunidade internacional para a grande injustiça que vem sendo cometida contra o ex-presidente Lula.
Além de atingir o cerne da cidadania, do estado de direito e da verdadeira justiça no Brasil, o manifesto alerta para o fato de que o processo contra o ex-presidente Lula foi "cruel, conduzido com parcialidade e com objetivos políticos".
Em dezembro de 2015, durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff, a Operação Lava Jato trabalhou de forma sistemática para prender o ex-presidente Lula. A grande mídia colaborou para criar uma imagem negativa em relação a Lula, relacionando-o aos casos de corrupção no país. Do momento em que Sergio Moro começou a espionar o ex-presidente até agosto de 2016, o Jornal Nacional (TV Globo) dedicou 13 horas de notícias contra Lula, o que representa quatro minutos por noite. Os números foram divulgados pelo Laboratório de Estudos de Mídia da UERJ. Desta forma, o país foi preparado para a denúncia do PowerPoint de Deltan Dallagnol, que viria em setembro. Foi a maior campanha jamais vista contra um líder brasileiro, precedendo a prisão injusta e a cassação da candidatura de Lula em 2018.
LEIA O DOCUMENTO
Somos brasileiras e brasileiros de diversas origens, atividades e convicções, unidos por uma comunhão de valores: democracia, justiça e respeito aos direitos humanos. Neste momento grave na história de nosso país, consideramos nosso dever chamar a atenção da sociedade brasileira e da comunidade internacional para a grande injustiça que vem sendo cometida contra um líder que encarna aqueles valores, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Por entendermos que a prisão de Lula atinge o cerne da cidadania, do estado de direito e da verdadeira justiça no Brasil, apoiamos e divulgamos este documento que denuncia os abusos e ilegalidades de um processo cruel, conduzido com parcialidade e objetivos políticos. E como não há nada oculto que não venha a ser revelado, está nas mãos do Supremo Tribunal Federal corrigir esse erro, para restabelecer a verdade e proporcionar a pacificação democrática do país.
Celso Amorim, diplomata
Chico Buarque de Hollanda, compositor
Dalmo de Abreu Dallari, jurista
Gilberto Gil, músico
Kleber Mendonça Filho, cineasta
Leonardo Boff, teólogo
Luiz Carlos Bresser-Pereira, economista
Maria da Conceição Tavares, economista
Maria Victoria Benevides, socióloga
Marilena Chauí, filósofa
Paulo Sergio Pinheiro, cientista político
Raduan Nassar, escritor
Rogério Cezar de Cerqueira Leite, físico
Sebastião Salgado, fotógrafo