O presidente Jair Bolsonaro declarou nesta quinta-feira (8/8) que o coronel do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra é um herói nacional. A afirmação de Bolsonaro foi motivada em função da visita da viúva do militar, Maria Joseíta Silva Brilhante Ustra, ao Palácio do Planalto. O coronel Ustra, falecido em 2015, chefiou o Destacamento de Operações de Informações (DOI-CODI), entre setembro de 1970 e janeiro de 1974, considerado um dos principais órgão de repressão durante o regime militar. Ustra foi apontado pela Comissão da Verdade como responsável por 47 sequestros e homicídios e por ter chefiado e participado pessoalmente de sessões de tortura. Com a democratização do país, o coronel foi denunciado, sendo o primeiro militar condenado pela Justiça, em 2008, pelos crimes praticados durante a ditadura.
A reunião com a viúva de Brilhante Ustra ocorre poucos dias após Bolsonaro contrariar documentos históricos e afirmar que Fernando Santa Cruz, o pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, foi morto por grupos de esquerda na época da ditadura. A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, porém, reconhece que a morte de Fernando, em 1974, ocorreu “em razão de morte não natural, violenta, causada pelo Estado Brasileiro”.
Bolsonaro já manifestou diversas vezes a sua idolatria ao coronel Brilhante Ustra, a exemplo da sua declaração durante a justificativa do seu voto pelo impeachment de Dilma Rousseff em 2016, quando fez referência ao torturador como sendo “o pavor” da então presidenta. “Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff, o meu voto é sim”, justificou Bolsonaro, que na ocasião era deputado federal.
Sobre o encontro coma viúva do coronel Ustra, Bolsonaro se manifestou afirmando que Maria Joseíta tem um coração enorme. "Eu sou apaixonado por ela. Não tive muito contato, mas tive alguns contatos com o marido dela enquanto estava vivo. Um herói nacional que evitou que o Brasil caísse naquilo que a esquerda hoje em dia quer”, afirmou o presidente. Joseíta “é uma mulher que tem histórias maravilhosas para contar das presidiárias de São Paulo, envolvidas com a guerrilha. Tudo o que ela fez no tocante ao bom tratamento a elas, no tocante a enxoval, dignidade, parto. E ela conta uma história bem diferente daquela que a esquerda contou para vocês”.
Com o seu elogio a Ustra, Bolsonaro voltou a negar fatos e documentos oficiais e a negar a história.