top of page

EM MAUS LENÇÓIS E CADA VEZ MAIS DESGASTADO, MINISTRO SÉRGIO MORO VOLTA A TER QUE SE EXPLICAR


Brasília não é para principiantes, por mais famosos e endeusados que sejam. Em tese, a prisão dos hackers de Araraquara seria o momento de o ministro da Justiça, Sérgio Moro, assumir a ofensiva e tentar encurralar a Vaza Jato. Apenas em tese. Neófito na política, porém, Moro está, na visão de interlocutores do Judiciário, a cada dia se desgastando mais, expondo-se ao assumir o papel de comandante da investigação na qual se coloca como vítima. Além da história mal contada envolvendo um DJ, uma manicure e um motorista de Uber, nesta manhã surgiram dois fatos novos que deixam Moro em maus lençóis:

  1. A divulgação da portaria editada ontem pelo ministro da Justiça endurecendo regras e procedimentos para repatriação e deportação do país de “pessoa perigosa”. Impossível não relacionar a medida ao jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept, responsável pela divulgação dos diálogos comprometedores envolvendo o e-juiz e os procuradores da Lava Jato.

  2. A publicação, na Veja On Line, de diálogos de Greenwald, de 5 de junho, em que sua fonte, que havia lhe passado eletronicamente o material, lhe assegura não ter sido o autor da invasão do celular de Moro noticiada pela imprensa naquele dia. Aliás, seguindo a lógica irrefutável de que o suposto hacker que obteve as conversas do Telegram, não iria se expor dias depois, dialogando com suas supostas vítimas. Ninguém assegura que isso é verdade, mas faz muito sentido.

Com isso, a história vai ficando cada vez mais enrolada. Evidentemente, a suposta intenção de deportar Greenwald vai acirrar os ânimos e provocar reações. Chega a ser espantoso ver o ex-juiz e atual ministro, que se coloca entre as vítimas da invasão aos celulares da Lava Jato, operar com desenvoltura no caso, sem esconder seu interesse pessoal.

Essa impressão já havia se disseminado na véspera, quando o mesmo Moro comunicou a autoridades da República que elas tiveram seus celulares invadidos e que suas mensagens seriam destruídas – afirmação imediatamente rebatida por ministros do STF e do STJ e, por fim, pela própria Polícia Federal. Afinal, cabe ao juiz do processo, no caso Vallisney de Oliveira, decidir o que fazer com as mensagens.

Mas o que pode ser pior para Moro é o fracasso de sua estratégia de direcionar as atenções para o crime dos hackers – que tem mesmo que ser apurado e punido – na tentativa de desviar e tirar a credibilidade do fato principal: a investigação de atitudes impróprias e parciais da Justiça na Lava Jato a partir da divulgação das conversas do Intercept.

Tudo indica que Moro não conseguiu estancar essa sangria e nem assustar os jornalistas que vêm investigando o assunto, como mostra a manchete de hoje da Folha de S.Paulo, segundo a qual o procurador Deltan Dallagnol fez palestra paga para uma empresa mencionada na Lava Jato.

A ofensiva de Moro pode durar pouco, pois ele terá que voltar logo à defensiva para se explicar.


 
 
  • Facebook
  • Youtube
Sem nome (1000 x 600 px) (1000 x 400 px) (1000 x 300 px) (1).png

Apoie o jornalismo livre, independente, colaborativo e de alta integridade, comprometido com os direitos e as liberdades coletivas e individuais. Participe dos novos modelos de construção do mundo das notícias e acredite que uma outra imprensa é possível. Contribua financeiramente com projetos independentes e comprometidos com esta concepção de comunicação e de sociedade. Dê um presente hoje com o olhar no amanhã.

 

O Esquina Democrática é um blog de notícias, ideologicamente de esquerda e sem fins lucrativos. Além de fazer parte de uma rede de mídia alternativa, comprometida com a credibilidade do JORNALISMO, não se submete às avaliações métricas, baseadas na quantificação de acessos e que prejudicam a produção de conteúdos e colaboram com a precarização profissional.

COLABORE

BANCO 136 - UNICRED
AGÊNCIA 2706
CONTA 27928-5
ALEXANDRE COSTA
CPF 559.642.490-00

PIX 559.642.490.00 (CPF).png
Pausing While Typing_edited.jpg
bottom of page