Aloysio Nunes, ex-ministro das relações exteriores de Temer, está sendo investigado por corrupção. O fato foi muito bem descrito descrito pelo meu amigo Artur Henrique Franco Barcelos, do canal Mundo de Papel, como uma destas ironias do destino. No momento em que Marighella volta a ser notícia em função do filme dirigido por Wagner Moura, o Ministério Público Federal deflagra mais uma etapa da operação lava-jato.
Aloysio Nunes foi motorista de Marighella, antes de se tornar um dos mais conhecidos traidores da esquerda, durante a ditadura militar. O ex-ministro de Temer era o homem de confiança de Carlos Marighella, durante a luta armada que buscava restabelecer a democracia no Brasil. Quem diria que o radical militante de esquerda iria se transformar em um político defensor dos setores mais conservadores do país, tendo sido um dos responsáveis pela oposição ferrenha ao PT, durante os 13 anos em que o partido esteve no Planalto.
Aloysio iniciou a carreira política como presidente do Centro Acadêmico XI de Agosto, em 1967, época em que era filiado ao PCB, partido que estava na clandestinidade. Nesse período, conheceu José Dirceu, então presidente do União Estadual dos Estudantes (UEE). Em seguida, Aloysio Nunes passou a fazer parte da Ação Libertadora Nacional (ALN), passando a atuar na luta armada. Foi motorista de Marighella, o principal líder da ALN, em algumas ações e chegou a participar do célebre assalto ao trem pagador Jundiaí-Santos, em 1968. Aloysio foi um dos motoristas no assalto, além de ter ficado responsável por guardar o dinheiro roubado e que seria utilizado em ações da ALN.
ALVO DA OPERAÇÃO LAVA JATO
Após perder o foro privilegiado, Aloysio Nunes, ex-senador, virou alvo da Operação Lava Jato. O ex-motorista de Marighella não se reelegeu e as investigações acerca de suas operações suspeitas foram diretamente para Curitiba. Na manhã desta terça-feira, 19, a Polícia Federal esteve em ao menos um imóvel pertencente ao tucano.
Aloysio Nunes entrou no radar porque recebeu, no Natal de 2007, um cartão de crédito vinculado a uma conta mantida por Paulo Preto na Suíça enquanto estava em um hotel em Barcelona, na Espanha. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o cartão foi emitido um mês após a Odebrecht ter depositado 275 mil euros nesta conta. Nunes, eleito senador em 2010, era secretário-chefe da Casa Civil do governador José Serra (PSDB-SP) durante o período investigado. Atualmente, Nunes é presidente da agência de promoção de investimentos do estado de São Paulo, a InvesteSP.