Jornal GGN - No cenário em que retaliações do atual presidente Michel Temer contra aliados ou parlamentares da base são vistas na forma de demissões de cargos de confiança, o governo federal demitiu, em cinco dias, 66 servidores indicados por deputados que votaram a favor da última denúncia contra Temer na Câmara.
O levantamento é do Poder360, que fez os cálculos do dia 28 de agosto até o dia 1º de setembro, última sexta-feira. O GGN mostrou que postos de segundo e terceiro escalão estavam sendo usados pelo mandatário como forma de pressão para a segunda denúncia que deve chegar nos próximos dias. Na base do temor, o Planalto pretende conquistar nova maioria e ser absolvido.
Entretanto, somou para a agilidade nas demissões e exonerações de apadrinhados políticos a pressão feita pelo próprio PMDB e partidos aliados que se mantiveram fiéis e colocaram seus nomes em risco ao público pela permanência de Temer no poder. Na última semana de agosto, cálculos de jornais como a Folha de S. Paulo davam conta de mais de 100 demissões.
Todos eram indicados ou nomeados por deputados que votaram contra Michel Temer na peça da Câmara, ou seja, a favor da denúncia tramitar no Supremo Tribunal Federal (STF) e o peemedebista ser investigado pela Corte Suprema brasileira.
Alguns postos haviam sido brecados e as decisões de demitir, após as repercussões nos noticiários, estavam paralisadas. Entretanto, com a ameaça de a próxima peça contra o atual presidente da República chegar em breve ao Congresso, os parlamentares voltaram a pressionar o governo, possivelmente na forma de articulações para manter votos de interesse do governo.
Nessa corrida pelas demissões, ainda que com o agravamento da crise da imagem de Temer pelas repercussões, o mandatário preferiu manter os aliados que restam e demitir outros nomeados em superintendências e autarquias regionais.
O levantamento do Poder360 trouxe a confirmação do motivo: "as punições integram a estratégia do Planalto de enviar 1 recado aos deputados. Para manter cargos no governo, é preciso votar conforme a orientação do Planalto", publicou o portal.
Os nomes de todos os 66 demitidos foram inseridos nesta tabela (abaixo): são postos no IBGE, no Instituto Chico Mendes, ANTT, Agência da Previdência, Ibama, Funasa e até a delegacia da Receita Federal. Por outro lado, a reportagem de Gabriel Hirabahasi informa que, ao mesmo tempo que as retaliações são claras, há espaço para os infiéis que desejam voltar a ter apadrinhados em cargos regionais: bastaria votar a favor de Temer nesta segunda denúncia que chega à Câmara.
FOTO: Marcos Corrêa/PR