O jornalista Alex Solnik, que tem vasta experiência profissional, escreveu um artigo na sexta-feira (15/7) sobre a tentativa de golpe na Turquia. "Quando o presidente Erdogan convocou o povo para ir às ruas soou como um convite ao suicídio, pois os golpistas de parte do exército turco ocuparam o aeroporto da capital, invadiram a televisão estatal, bloquearam pontes, sobrevoavam a cidade com helicópteros e cercaram o Parlamento com tanques. E estavam, evidentemente, armados", escreveu Solnik para o site www.brasil247.com. No texto, ele afirma que "Em poucas horas a rebelião anti-democrática foi sufocada. Pela primeira vez um governo conseguiu derrotar os golpistas com a força do povo". Em seguida, Alex Solnik estabelece um paralelo com o golpe no Brsil. "O golpe do PMDB, com Temer à frente, que não tem apoio militar, não usa tanques, nem helicópteros, prossegue dentro do Congresso Nacional sem que um movimento popular o abafe. Ao contrário do povo turco, que não se intimidou com o estado de guerra, tanques nas ruas e helicópteros no céu, o povo brasileiro resume suas ações em “escrachos” que não produzem os efeitos desejados.
O texto de Alex Solnik é no mínimo injusto. Confesso que não conheço a realidade e as relações políticas da Turquia, porém, em relação ao Brasil, me sinto muito a vontade para expressar meu pensamento. Discordo inteiramente do jornalista Solnik. Ao longo de 2016, o povo brasileiro deu e tem dado mostras da sua dignidade. Denunciou o golpe, foi as ruas e de forma ordeira e pacífica resistiu. Talvez, o povo brasileiro não se disponha a entregar a vida em nome do país ou em nome de um projeto político, ainda que esse projeto político tenha sido exitoso em algumas áreas, melhorando significativamente a vida dos brasileiros mais pobres. Porém, existem inúmeros casos em que há pontos obscuros no que diz respeito à corrupção e à forma como a política está estruturada em todas as esferas, municipal, estadual e federal.
Ao meu ver, é inadmissível fazer analogias ou comparações entre a Turquia e o Brasil. Tão nefasto quanto o golpe, é responsabilizar o povo brasileiro pela suposta apatia ou por uma apequenada reação diante do cenário comprovadamente nebuloso em que vivemos.