Com a proximidade das eleições à Federação Nacional dos Jornalistas e ao Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul confesso que tenho feito inúmeras reflexões sobre o exercício, as atribuições e a dignidade da profissão. Antes da regulamentação profissional, o jornalismo era apenas um "bico", pois os salários eram baixos e também não havia espaço para as mulheres. Passados 82 anos da fundação do primeiro sindicato no Brasil (o primeiro foi criado em 1934, em Juiz de Fora - MG), novas e velhas questões põe em xeque a profissão.
Todos os dias, nós, jornalistas, somos colocados diante de desafios em um mundo repleto de novas tecnologias e de mudanças nos processos industriais que movem o gigantesco segmento das informações. Enquanto os donos do negócio estão preocupados com seus lucros e com a viabilidade econômica, dia após dia, ano após ano, os jornalistas perdem espaço, importância e dignidade nesta engrenagem que forma o competitivo mercado da imprensa.
Sabemos que as dificuldades atingem a todos, sejam em função dos baixos salários e das intermináveis jornadas de trabalho nas grandes redações ou rasgando os sonhos de quem se arrisca em novos empreendimentos, quase sempre com estruturas artesanais que são dragadas pelo império e pelos gigantes da comunicação.
Precisei de quase meio século de vida para perceber que estou diante da inevitável dicotomia. Esquerda e direita, o bem e o mal. Qual a diferença? Infelizmente, as diferenças de fato (não o discurso) são quase imperceptíveis. Quando estão frente a frente no espelho, esquerda e direita refletem contradições semelhantes, apesar de discursos aparentemente antagônicos. O resultado em relação à dignidade do trabalho dos jornalistas, seja em projetos de esquerda ou de direita, infelizmente segue a mesma lógica.
Como um pêndulo, ando de um canto ao outro da sala com a carteira de trabalho na mão, tentando entender a profissão a partir da ideologia e de um outro mundo. Talvez? Quem sabe a maior luta, para um jornalista com quase meio século de vida, seja assumir apenas a bandeira da valorização profissional?
Quem sabe?
Orgulho de ser jornalista também é lutar por trabalho e por salário dignos.