
Matéria de Marco Weissheimer no o site SUL21, nesta quinta-feira (30/6), menciona as duas semanas sem manifestações de rua em Porto Alegre. O último protesto contra o governo interino de Michel Temer foi convocado pela Frente de Luta Contra o Golpe, no dia 15 de junho. Integrada por vários coletivos e organizações, a Frente promove uma série de reuniões nos próximos dias, para discutir os rumos do movimento. Na matéria de Weissheimer, algumas das lideranças, principalmente ligadas à juventude, enfatizam a importância de dar continuidade às manifestações, pois a luta contra o golpe é de longo prazo e requer paciência e ânimo. A interrupção dos protestos massivos também serve para que os movimentos sociais façam suas análises de conjuntura e avaliações em relação às estratégias e articulações para as próximas atividades. Participam das mobilizações organizações como o Levante Popular da Juventude, a União da Juventude Socialista (UJS), Juventude do PT (JPT), Kizomba, Coletivo Marighella, União Nacional de Estudantes (UNE) e União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES).
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Nos últimos meses, as ruas centrais de Porto Alegre e de outras cidades do país tornaram-se palco de atos e marchas massivas em defesa da presidenta Dilma Rousseff e contra Eduardo Cunha e Michel Temer, apontado pelos manifestantes como um dos líderes do golpe contra Dilma e ocupante ilegítimo da presidência da República. Temer e seus apoiadores apostam, entre outras coisas, no cansaço desses movimentos de rua com o passar dos dias e na naturalização do governo interino como algo permanente.
Na capital gaúcha, a Frente de Luta Contra o Golpe, integrada por vários coletivos e organizações, promoveu uma série de assembleias populares, atos e caminhadas que reuniram milhares de pessoas. O último ato chamado pela Frente de Luta Contra o Golpe ocorreu no dia 15 de junho, quando os manifestantes juntaram a luta contra o golpe com o apoio aos professores estaduais em greve que estavam ocupando o Centro Administrativo Fernando Ferrari (CAFF).
Após duas semanas sem novos atos de rua, os coletivos e organizações que compõem e apoiam a frente enfrentam o desafio de manter ativas as mobilizações de rua em defesa do mandato da presidenta Dilma e contra o movimento liderado pelo PMDB para alterar definitivamente o resultado das urnas nas eleições presidenciais de 2014. Nos próximos dias, esses grupos se reunirão para conversar sobre os rumos das mobilizações contra o golpe. Participam da Frente, entre outras organizações, o Levante Popular da Juventude, a União da Juventude Socialista (UJS), Juventude do PT (JPT), Kizomba, Coletivo Marighella, União Nacional de Estudantes (UNE) e União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES).
Rafael Coelho, do Levante Popular da Juventude, lembra que a Frente de Luta Contra o Golpe nasceu a partir do andamento do processo de impeachment e foi se movendo a partir de fatos relacionados a essa conjuntura. “Após o ato do dia 15 de junho, quando fomos levar o nosso apoio aos professores no CAFF, o movimento refluiu um pouco, mas não foi nada deliberado. É preciso ter em mente que a luta ‘Fora, Temer’ é de longo prazo e precisamos renovar o nosso ânimo a todo momento para manter a mobilização”.
“Novos atos serão convocados em breve”
Para Lucas Maróstica, representante da UNE no Conselho Estadual da Juventude, não houve refluxo, mas sim uma opção por não convocar atos nesses últimos dias. “A luta contra o golpe e pela derrubada do governo interino e ilegítimo de Michel Temer se pulverizou em diversas outras lutas que acontecem aqui no Rio Grande do Sul, e em especial Porto Alegre, uma das capitais mais mobilizadas do Brasil nessa defesa: seja através das mulheres, denunciando o machismo de um governo composto exclusivamente por homens, seja a população LGBT, que vivenciou neste último domingo a maior Parada de Lutas que a cidade já viu, reunindo mais de 10 mil pessoas numa marcha que era Fora Temer, sendo esse inclusive o tema da Parada”. Ele também cita as escolas ocupadas por estudantes que denunciaram a extensão da política do PMDB aqui no RS, com o governo Sartori.
Na avaliação do representante da UNE, o golpe está sendo cada vez mais desmascarado perante a população brasileira, seja pelo vazamento de áudios da cúpula do PMDB que expressa claramente o anseio de acabar com a Operação Lava-Jato após a derrubada de Dilma, seja pela conclusão da Comissão do Impeachment no Senado que aponta a não participação de Dilma nas pedaladas fiscais. Lucas Maróstica diz ainda que tanto a Frente de Lutas Contra o Golpe quanto a Frente Brasil Popular seguem reunindo e novos atos serão convocados em breve, principalmente com a proximidade da votação no Senado, que é o momento em que esses atos podem voltar a jogar um papel crucial na derrubada do golpe.
“Estamos passando por um processo de avaliação da conjuntura e de definição dos próximos passos de nossa mobilização”, diz Eduardo Soares Rossetto, secretário da Juventude do PT (JPT). Rossetto acredita que a proximidade do período eleitoral pode explicar só em parte um possível refluxo das manifestações. “As eleições municipais deste ano estão diretamente ligadas ao processo do golpe e do impeachment. Não há como dissociar essas coisas. Por outro lado, é verdade que, quando começa um período eleitoral, as forças organizadas da sociedade começam a pensar nisso também”.
O secretário da juventude petista assinala que é difícil levar regularmente milhares de pessoas às ruas a cada semana e que é compreensível que ocorra um certo arrefecimento. É natural também que surjam atos espontâneos convocados por grupos de pessoas ou mesmo por indivíduos que não querem a onda de manifestações seja interrompida.
“Contragolpe popular”
Um exemplo disso é o “Contragolpe popular – Rock pela Democracia”, um ato convocado para esta sexta-feira (1°), a partir das 18 horas, na Esquina Democrática. O evento foi criado no Facebook por Daniel Christian que conclama as pessoas a saírem de casa e da frente do computador para lutar contra o golpe, pela democracia e os direitos sociais conquistados nos últimos anos.
Produtor musical e vocalista da Roadhouse Band (que presta tributo ao The Doors), Daniel Christian diz que participou de quase todas as manifestações realizadas em Porto Alegre e também de reuniões da Frente de Luta contra o Golpe que organizou essas manifestações. “Mas no meio de tudo isso está o povo que não é organizado em nenhum coletivo ou grupo, mas que está disposto a sair à rua contra o golpe”, afirma. Ele reconhece que talvez tenha ocorrido um exagero de manifestações em certo momento, mas acredita que esse não é o momento de parar. Filiado ao PT este ano, Christian diz que ficou assustado com a apatia que a esquerda em geral demonstrou diante da prisão do ex-ministro Paulo Bernardo. “Parece que a nossa esquerda dormiu aqui em Porto Alegre”.
A partir desse diagnóstico de apatia, ele resolveu criar um evento no Facebook e convocar uma manifestação para o dia 1° de julho na Esquina Democrática. Segundo Daniel Christian, várias bandas já confirmaram presença no ato e, além de defender a democracia contra o golpe, farão tributos a Jimi Hendrix, The Doors, Bob Dylan, Legião Urbana e Raul Seixas, entre outros. “Estou fazendo isso não por promoção pessoal, mas para que as manifestações não parem. Infelizmente, ainda há muita desunião entre nós e precisamos superar isso pois o que estamos vivendo é uma luta de classes”, diz Christian. Ele conta que não chegou a entrar em contato com os coletivos que organizaram as manifestações anteriores, mas que todos foram convidados a participar do ato pela página do evento.
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