Em uma carta muito sincera dirigida aos leitores, o diretor executivo do BRIO, Breno Costa, anuncia uma nova matéria publicada no site, após cinco meses da interrupção do projeto. Confesso que não sei se a carta é recente, mas não é relevante. Para quem não conhece, o BRIO é uma plataforma multimídia na qual jornalistas independentes produzem reportagens reais e aprofundadas sobre diversos assuntos. A carta de Breno, que parecia trazer boas notícias, na verdade, era o preâmbulo para uma triste informação. A partir daquele momento, a BRIO entrava em contagem regressiva. “Ao menos da forma como vocês conhecem o projeto, corremos risco real de pararmos de funcionar ao fim deste ano”, lastimou Breno.
O projeto é tocado por seis sócios: os jornalistas Fernando Mello, Felipe Seligman e Breno Costa, que se conheceram na Folha e decidiram criar a plataforma; e os responsáveis pela execução do projeto Marc Sangarné, Tomas Silva e André Kano, que cuidam da área de marketing. Em entrevista a um veículo do centro do país, Felipe Seligman contou que a ideia surgiu depois que ele e seus colegas começaram a ter dúvidas sobre o futuro do jornalismo. “Tínhamos uma preocupação sobre como a nossa profissão irá se reinventar para lidar com as dificuldades atuais. Percebemos que poderíamos seguir o caminho do empreendedorismo para responder nossas dúvidas”, disse.
O site não é considerado um portal de notícias, já que o BRIO não foca na produção em tempo real. Os seus idealizadores afirmam que o objetivo é produzir conteúdo de qualidade e da melhor forma possível. Na carta aos leitores do BRIO, Breno Costa afirma que a iniciativa é uma aposta no jornalismo longform. “Minha opinião é que esse é o modelo mais legal de se trabalhar dentro do jornalismo. Para usar uma palavra da moda, buscamos “empoderar” os repórteres.
As dificuldades financeiras para tocar adiante o projeto resultaram inclusive no fechamento do site, que passou a funcionar em novo endereço, mas na plataforma Médium, que permite publicar e ler textos como em um blog.
Infelizmente, mais uma vez, a viabilidade econômica ameaça o bom jornalismo. Não há como negar que existe uma crise no modelo tradicional do negócio do jornalismo e esta atividade é de grande importância para a sociedade, para a democracia e para o pleno exercício da cidadania, em função dos inúmeros temas que são de interesse público. No Brasil, o setor privado não investe no bom jornalismo em função do confronto de interesses e como quem detém o capital geralmente faz parte da elite atrasada e conservadora, quem perde é a sociedade como um todo e o jornalismo propriamente dito. Historicamente, o Brasil não tem a tradição de destinar recursos privados, sejam via institutos ou fundações, para projetos na linha do jornalismo independente. É cada vez mais urgente e necessário que nós, jornalistas, consigamos romper a barreira do silêncio para colocar essa discussão no centro da sociedade.
Não conhecia o projeto e tive uma grata surpresa ao me deparar com as matérias, extremamente bem escritas, aprofundadas e com fôlego, muito diferente do que é produzido normalmente a partir das imposições em relação ao tamanho das matérias. Para entrar no site do BRIO, basta clicar AQUI ou na imagem anterior ao texto.
BOA LEITURA!