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"CHEGAMOS AO FIM DE UM CICLO", AFIRMA CACCIA BAVA

Foto do escritor: Alexandre CostaAlexandre Costa

O www.esquinademocratica.com esteve na conferência do editor do jornal Le Monde Diplomatique no Brasil, Silvio Caccia Bava, na quarta-feira, 18 de novembro, no SindiBancários, em Porto Alegre. Silvio Bava fez uma análise da crise política e econômica do país, da atuação da mídia e da importância de fortalecer a democracia no Brasil. A atividade foi organizada pelo Fórum 21, com apoio do Sul21, Camp e Sindicato dos Bancários. O Fórum21 é composto por ativistas, militantes de partidos políticos de esquerda e progressistas, de organizações populares, entidades da sociedade civil e por todos aqueles cidadãos que se disponham a trabalhar para a construção de uma plataforma comum, que sirva aos avanços das conquistas sociais, ao alargamento da participação cidadã e à consolidação da democracia no Brasil.

O link abaixo é o caminho para matéria de Marco Weissheimer, no Sul21

Editor da versão brasileira de um dos mais respeitados jornais alternativos do mundo, o Le Monde Diplomatique, o sociólogo Silvio Caccia Bava atribui à imprensa tradicional a responsabilidade por um “terrorismo econômico”, que distorceu a percepção sobre a crise, tornando-a mais agressiva do que os indicadores mostravam.

“Não era nada grave, a inflação estava abaixo dos dois dígitos, havia pleno emprego. Era possível conviver com as turbulências. Mas houve uma difusão desse discurso através da mídia nacional e até da internacional, porque a The Economist (revista inglesa) aderiu”, avalia.

Caccia Bava ofereceu sua leitura sobre o momento econômico e político brasileiro – e sobre a influência do noticiário no seu agravamento – em Porto Alegre, em um encontro promovido pelo Fórum 21, na noite de quarta-feira (18).

Ele coincide com a versão que a economista da Universidade de São Paulo, Leda Paulani, havia oferecido no encontro anterior do grupo. Ou seja, a crise foi uma reação desencadeada por agentes financeiros insatisfeitos com a política econômica levada a cabo pelos governos liderados pelo Partido dos Trabalhadores (PT), que reduziu a lucratividade de suas atividades.

“Em 2013 tivemos a taxa Selic mais baixa dos últimos 15 anos, na casa dos 7,5%, o que afetou os rendimentos de quem tem títulos da dívida publica, que estão concentrados nas mãos de empresas do sistema financiero como bancos e fundos de investimentos”, assinala.

E prossegue: “É por isso que o lucro dos bancos seguem crescendo em 20% ao ano: o mercado se aproveitou da alta da Selic, da elevação dos juros que o Brasil paga pela dívida pública e que não possuem paralelo no mundo”, lamenta.

Por outro lado, enquanto os grandes veículos de comunicação davam o recado que interessava ao capital, a mídia alternativa não soube se valer da ampliação dos canais de comunicação com o advento da internet.

“Existe uma frente de lutas importante, mas esse movimento não teve capacidade de produzir narrativas sobre esse discurso da mudança”, lamenta, exemplificando com as manifestações de junho de 2013.

“A bandeira do ‘não são 20 centavos’ era uma critica à mercantilização da vida nas cidades, onde é preciso comprar tudo, e que com as privatizações, encareceu. Mas a falta de produção de uma narrativa sobre a defesa dos direitos fez com que outros discursos colassem nas manifestações, com o da corrupção e contra o governo”, esclarece.

Segundo o Ibope, a maioria absoluta dos conteúdos compartilhados durante as jornadas de junho, como ficaram conhecidos os protestos, teve origem na imprensa tradicional. “E quem impõe a pauta, delimita o campo do conflito”, pontua, assinalando a relação entre imprensa e discurso da crise. “Somos milhares de perplexos em busca de uma reação”. O problema é que o que era especulação do capital financeiro difundida pela imprensa hegemônica tornou-se uma ameaça concreta e a estagnação econômica passou a ter uma impacto cruel nos serviços públicos.

“Sob o pretexto do ajuste, R$ 12,9 bilhões foram contingenciados na saúde. Estamos assistindo ao fim de uma era”, acredita, preocupado com a alta do desemprego, que ele avalia poder chegar a 14% em 2016.

E à revolta do capital, Caccia Bava soma a influência que o setor privado exerce sobre o Congresso Nacional através do financiamento de campanhas politicas e está criado o caos. “Setenta por cento dos deputados foram eleitos graças ao dinheiro de 10 grandes grupos empresariais. A quem será que eles serão fiéis? Ao partido e que não será”, condena, defendendo o fortalecimento das siglas no Brasil.

Contra esse caldo de pessimismo, ele recomenda: “O antídoto é mais democracia”.

O primeiro ponto é, portanto, gerar essas narrativas capazes de defender um projeto de mudança, coisa que comeca com a reunião de pessoas capazes de exercer a crítica. “Tenho visto muitas iniciativas como esta do Forum 21 em todo o Brasil. Não estamos sós, pelo contrário, somos milhares de perplexos e insatisfeitos busca de uma reação”, elogia.

Diplô chega ao número 100 no Brasil

E é nesta chave em que o Diplô – como é carinhosamente conhecido o jornal em todo o mundo – se inscreve. “Queremos mobilizar a inteligência que está na sociedade civil”. A edição brasileira do periódico é apenas uma entre as que circulam em 40 países, publicadas em 17 diferentes idiomas. “É a única iniciativa da esquerda com alcance global que eu conheço”, celebra.A origem do periódico mensal, que no Brasil chegou este mês a sua edição de número 100, é um suplemento do francês Le Monde, que ainda detém o controle da publicação “embora não influencie em sua pauta”, conforme explica o editor brasileiro.

A redação brasileira, que opera com apenas oito pessoas, é gerado 40% do conteúdo que circula nas páginas do jornal. Os 60% restantes, são redigidos em Paris. “Não é pouca coisa” propagandeia Caccia Bava. Na página de internet do jornal é possível acessar qualquer edição edições anterior a do mês. A publicação se sustenta basicamente das vendas em bancas e assinaturas.


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